Enigma sobre identidade de mulher que viveu como homem por 50 anos causa impasse

Corpo de Lourival Bezerra de Sá, de 78 anos, aguarda no Imol desde outubro do ano passado, enquanto investigação procura por documentos oficiais

Mulher que viveu como homem morreu há 4 meses, em Campo Grande, e não pode ser enterrado por não ter documentos
Foto: Reprodução
Mulher que viveu como homem morreu há 4 meses, em Campo Grande, e não pode ser enterrado por não ter documentos

O caso de uma pessoa que nasceu como mulher, mas viveu como homem até o dia de sua morte está intrigando a polícia no Mato Grosso do Sul (MS). O corpo de Lourival Bezerra de Sá, que morreu aos 78 anos, está há quatro meses parado no Instituto de Medicina e Odontologia Legal (Imol), em Campo Grande, aguardando por identificação, já que o nome presente na certidão de nascimento é desconhecido.

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Lourival morreu de causas naturais no dia 5 de outubro de 2018 e foi encaminhado ao Serviço de Verificação de Óbito (SVO). Porém, ao chegar ao Imol, uma médica plantonista constatou que ele na verdade era mulher . Assim, peritos envolvidos no caso começaram uma busca atrás da identidade de nascença de Lourival: as digitais do falecido foram coletadas e enviadas para órgãos de todo o país, mas nenhum estado possui registro de quem era essa pessoa.

Ao que tudo indica, Lourival teria nascido no Nordeste do Brasil e registrou seu nome em 1968 – é até esse ano que a investigação consegue chegar. Lourival teria se mudado, ainda jovem, para o estado de Goiás, onde registou quatro crianças e teve uma companheira, que morreu em 1985.

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Já em Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul , Lourival viveu com uma cuidadora até o dia da sua morte. Em depoimento para a polícia, a mulher disse que, apesar de ter passado anos morando com o idoso, não sabia que Lourival tinha outro gênero .

Segundo declaração da delegada Christiane Grossi ao Fantástico, da TV Globo , descobrir a identidade de Lourival não é uma questão de gênero, “mas sim de humanidade”. Há ainda a possibilidade de que a mudança de identidade tenha sido uma maneira de fugir de algo ou alguém, assim, a polícia teria o dever de desvendar o caso, já que pode se tratar de questão criminal.

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Na época em que Lourival se identificou como homem, o registro de pessoa transexual não era possível, dessa forma a identidade que ele possuía é considerada falsa e não pode ser usada para a realização do enterro. O corpo deve agora permanecer no Imol, enquanto as investigações continuam procurando pela sua identidade, ao passo que a certidão de óbito só pode ser liberada com os registros oficiais de Lourival como mulher .