Dois grafites em homenagem à vereadora assassinada Marielle Franco (PSOL) foram alvos de vandalismo no Rio de Janeiro. A primeira ação foi flagrada por câmeras de segurança, no dia 10 de dezembro, data em que é celebrado o Dia dos Direitos Humanos. Depois que o caso foi denunciado à imprensa, um segundo grafite de Marielle foi atacado, na madrugada desta quarta-feira (19).
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Os olhos e a boca da vereadora foram cobertos com tinta branca e dourada durante o ataque. O painel alterado foi pintado pela grafiteira Panmela Castro, em um ato que aconteceu em novembro e contou com a presença da viúva de Marielle Franco , Mônica Benício.
Nesta manhã (19), a grafiteira esteve no local das pinturas para realizar a restauração do segundo grafite atacado. Sob o sol do Rio de Janeiro , Panmela recuperou, durante 15 minutos, os traços da vereadora.
"Não vou parar meu trabalho. Eles serão refeitos nem que seja mil vezes, nem que eu durma aqui na frente igual a uma coruja", afirmou Panmela que, apesar de persistir no trabalho, teme que as ocorrências tornem-se mais violentas.
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O outro grafite vandalizado no começo do mês foi pintado pela mais jovem ganhadora de um prêmio Nobel da Paz (2014), a paquistanesa Malala Yousafzai, de 21 anos, em sua passagem pelo Brasil, em julho, na comunidade Tavares Bastos, no Catete. A técnica do stencil – uso de um ‘molde’ para criar o desenho - foi utilizada pela ativista.
Na ação de vandalismo contra a pintura, o rosto de Marielle foi coberto com tinta preta. O grafite foi feito em um museu a céu aberto, organizado pela ONG Rede Namí, que tem Panmela como presidente. Após o ataque, a organização pretende realizar um evento para restaurar o grafite, junto com a viúva da vereadora.
Para Panmela, a homenagem a Marielle foi motivada por questões pessoais. No ano passado, a vereadora ajudou a grafiteira a formalizar uma denúncia contra um ex-namorado que atacava, há dez anos, os seus trabalhos.
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"Marielle teve que me ajudar porque os policiais riam da minha cara. Conseguimos denunciar com base em um artigo da Lei Maria da Penha porque ele estava me perturbando. Eu queria denunciar por violência patrimonial, mas o policial não deixou", contou a grafiteira.
Panmela acredita que os atos poderão multiplicar a imagem da vereadora Marielle Franco , que foi assassinada, junto com seu motorista, Anderson Gomes, no dia 14 de março.
*Com informações da Agência Brasil.