Defesa Civil interdita museu e diz que paredes internas podem desabar

Incêndio danificou parte das estruturas, mas fachadas não correm risco; segundo vice-diretora, 90% do acervo do local foi destruído pelas chamas

vice-diretora estima que serão necessários, pelo menos, R$ 15 milhões para iniciar a restauração  do Museu Nacional
Foto: Tânia Rêgo/ABr
vice-diretora estima que serão necessários, pelo menos, R$ 15 milhões para iniciar a restauração do Museu Nacional

A Defesa Civil do Rio de Janeiro anunciou nesta segunda-feira (3) que o Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, será mantido interditado devido ao grande risco de desabamento de partes da laje, telhado e paredes divisórias. A estrutura do local foi danificada após o incêndio que atingiu o local na noite deste domingo (2).

De acordo com técnicos do órgão, apesar do dano na área interna do Museu Nacional , na área externa "não há risco iminente", devido à espessura das fachadas. No entanto, foram identificados problemas pontuais, que inclui queda do revestimento, adornos e materiais decorativos.

O secretário estadual de Defesa Civil e comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Roberto Rodadey, já havia dito que as fachadas da construção não correm risco de cair. Segundo a vice-diretora do museu, Cristiana Serejo, afirmou que apenas 10% do acervo da instituição foi salvo do incêndio.

 “O que sobrou? O prédio, umas poucas peças... talvez uns 10%”, disse, desalentada, a vice-diretora. Ela mencionou o meteorito Bendegó, parte da coleção de zoologia, a biblioteca central, alguns minerais, cerâmicas, o herbário e o departamento de zoologia de vertebrados como áreas que passaram parcialmente incólumes.

A vice-diretora estima que serão necessários, pelo menos, R$ 15 milhões para iniciar a restauração do prédio.

Pesquisadores ainda nutrem a esperança de que parte do acervo possa ter sido salva do fogo dentro de cofres e armários de aço especiais. Entre essas, está o crânio de Luzia, o fóssil humano mais antigo encontrado no Brasil , com mais de 12 mil anos.

Eles reconhecem que o trabalho não será fácil, pois o interior do prédio ainda está muito quente e os dois andares superiores desabaram sobre o térreo, formando uma grossa camada de cinzas, carvão, ferros retorcidos e tijolos. 

Biólogo, Helder foi um dos primeiros a chegar ao museu, cerca de meia hora depois do incêndio começar, por volta das 19h30 de domingo (3). Ele ajudou a guiar os bombeiros a entrarem no prédio e ficou no local até as 3h, quando foi para casa. Com apenas duas horas de sono, ele retornou ao prédio do museu às 6h.

“O crânio de Luzia estava em uma região que foi bem atacada pelo fogo, difícil de ser acessada, e não conseguimos localizar”, contou Hélder. Já sobre as múmias egípcias, ele considerou que foram totalmente perdidas, com exceção de uma, que estava em uma sala e que talvez esteja ainda preservada.

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O pesquisador e professor Renato Cabral Ramos também tem esperanças de encontrar algumas peças intactas, que ficaram guardadas dentro de cofres nos departamentos.

“Eu estive no departamento junto com um bombeiro para vermos a situação. Estava muito quente, com muita fumaça, o chão ainda fumegando. Eu vi que os armários compactadores, de aço, ainda estão em pé, com muito entulho em cima. A gente tem esperança de que os fósseis ali dentro possam ser salvos, assim como os materiais que estavam dentro dos cofres”, disse o pesquisador do  Museu Nacional .