Bispo e padres acusados de desviar dízimo deixam a prisão

Bispo e padres responsáveis pela diocese de Formosa são suspeitos de desvio de R$ 2 milhões dos cofres da Igreja; juiz concedeu liberdade aos religiosos

Dinheiro dos dízimos teria sido utilizado em proveito próprio pelo bispo dom José Ronaldo
Foto: Diocese de Formosa
Dinheiro dos dízimos teria sido utilizado em proveito próprio pelo bispo dom José Ronaldo

Suspeito de roubar dinheiro do dízimo e de usar fontes de renda da Igreja em proveito próprio, o bispo dom José Ronaldo ganhou liberdade na terça-feira (17), após a Justiça conceder ao religioso um habeas corpus. Junto dele, outros quatro padres e dois empresários supostamente envolvidos no esquema corrupto também foram soltos.

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À porta da delegacia onde eles estavam presos provisoriamente, um grupo comemorou a soltura dos religiosos entoando cânticos católicos. Sorridentes, eles agradeceram à pequena multidão, mas evitaram falar com a imprensa.

Apenas dom Ronaldo , de forma sintética, se manifestou: “no momento oportuno nós vamos falar”, disse, ao portal G1 . Em seguida, os religiosos entraram em um carro de luxo e foram embora.

Foram soltos, além do bispo, os padres Moacyr Santana, Mário Vieira, Waldson de Melo, o monsenhor Epitácio Cardozo e os empresários Antônio Rubens e Pedro Costa Augusto. Segue encarcerado o juiz eclesiástico Tiago Wenceslau.

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Entenda o caso

O Ministério Público de Goiás, que conduz as investigações contra os religiosos, recebeu denúncias em 2015 de fiéis da diocese de Formosa que relatavam os supostos desvios e a falta de transparência nas declarações de gastos da diocese.

Dinheiro dos dízimos, doações, verbas arrecadadas em festas religiosas e taxas de batizados e casamentos, entre outras fontes, teriam sido utilizadas em proveito próprio pelo bispo dom José Ronaldo .

Supostamente auxiliado por padres e funcionários administrativos, dom José teria roubado ao menos R$ 2 milhões da diocese em um período de três anos, estima o MP de Goiás.

Os procuradores acreditam que o religioso empenhou o dinheiro na compra de uma casa lotérica, áreas para a criação bovina e automóveis, registrando os bens em nome de ‘laranjas’ – falsos proprietários – para disfarçar seu enriquecimento ilícito.

Dom José, 61 anos, nasceu em Uberaba (MG). Concluiu estudos sobre filosofia e teologia em um seminário em Brasília, sendo ordenado padre em 1985. Conhecido por obras sociais e pela participação em construções de igrejas e organização de festas religiosas, dom José ascendeu na Igreja, tornando-se bispo em 2007.

Em 2014, tornou-se responsável pela diocese de Formosa , sob o lema bíblico, escolhido por ele, “in corde legem meam” – do latim “no coração, minha lei”. Ele foi afastado de suas funções pelo Vaticano até que se esclareça o caso.

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