"Quando vi, tinha ejaculado em mim", conta passageira assediada no metrô do Rio

Relato de estudante de 23 anos, vítima de assédio no transporte público, já foi compartilhado 40 mil vezes no Facebook; agressor está em liberdade

Marcelly escreveu relato no Facebook sobre caso de assédio no metrô no Rio: 'Depois de alguns segundos paralisada, minha reação foi berrar'
Foto: Reprodução/Facebook Marcelly Chaves
Marcelly escreveu relato no Facebook sobre caso de assédio no metrô no Rio: 'Depois de alguns segundos paralisada, minha reação foi berrar'

O relato de Marcelly Chaves, de 23 anos, é de revolta e dor. Ela é a mais nova vítima de assédio em transporte público, dessa vez no metrô do Rio de Janeiro , que contou, em sua página do Facebook, como um passageiro ejaculou em seu corpo, enquanto voltava para casa na última quinta-feira (22) à noite. Segundo a jovem, ela estava na estação São Cristóvão por volta das 22h30 quando percebeu que “um indivíduo a olhava fixamente”, incomodando-a, até que se deu conta de que ele estava com o pênis para fora da calça.

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“Esse indivíduo ficou do meu lado esquerdo bem próximo a mim, me olhando fixamente. Eu olhando pra frente percebi os olhares e tentei afastá-lo com meu braço, continuei a viagem. Até que os olhares me incomodaram demais a ponto de eu pensar em perguntar ‘qual era a dele’, ou falar alguma coisa, sei lá. Num impulso, eu virei pra reclamar, e nessa hora, quando olhei pra baixo, não deu tempo nem de abrir a boca, o cara estava com o p* pra fora, ejaculando em cima de mim, meu pé estava TODO sujo”, escreveu a vítima de assédio no metrô do Rio.

O relato de Marcelly, que já conta com mais de 60 mil reações – e quase 40 mil compartilhamentos – continua. Ela diz que conseguiu dar um chute no agressor, que caiu e foi contido por outros passageiros até que a segurança do metrô chegasse ao local. Ainda de acordo com a jovem, o homem foi retido na estação Triagem e, depois, os dois foram encaminhados para a Cidade da Polícia, onde teriam a orientado a registrar o boletim de ocorrência na 25ª DP. “Todas as pessoas sem exceção falaram na minha cara que não ‘ia dar em nada’, mas quis prosseguir mesmo assim”, continuou.

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Foto: Reprodução/Facebook Marcelly Chaves
Homem ejaculou em corpo de passageira de metrô no Rio, que ficou com os pés sujos e levou chinelo como 'prova do assédio'

Contudo, segundo afirma, ela permaneceu por mais de quatro horas aguardando na delegacia do Engenho Novo, porque “o pneu da viatura que transportava o agressor teria furado”. Mas, depois de algum tempo, a jovem descobriu que, na verdade, ele tinha sido encaminhado para um hospital. “Ele tinha apenas um arranhão na testa. E eu? De mim, nada perguntaram”, denunciou na publicação.

“Ninguém quis saber, ninguém me deu apoio, apenas me jogaram na delegacia. peguei minhas coisas e fui embora me sentindo completamente humilhada, despedaçada, violada. E é por isso que nada funciona, é por isso que, em São Paulo, outro cara fez isso nada mais nada menos do q 17 VEZES! Não tem punição, ninguém dá a mínima pra você! É apenas mais um tarado, mais uma mulher, mais um abuso. MULHERES, façam um ESCÂNDALO! Não fiquem quietas, sigam a diante, porque do jeito que tá, isso nunca vai parar! Eles sabem que não vão ser pegos e por isso continua acontecendo esse ABSURDO!”, defendeu.

Foto: Reprodução/Facebook Marcelly Chaves
'o cara estava com o p* pra fora, ejaculando em cima de mim, meu pé estava TODO sujo”, escreveu a vítima do assédio

Conforme ela indicou na publicação, o agressor continua solto. Outras pessoas entraram em contato com Marcelly e relataram ter visto o mesmo homem em outros locais – apresentando comportamento “estranho”.

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"Sindicância sobre desvio de conduta"

De acordo com o jornal O Dia, o delegado titular da 25ª DP, Marcus Neves, afirma que será instaurada uma sindicância para apurar eventual desvio de conduta dos servidores do plantão e possíveis infrações administrativas. Ele também diz ter solicitado aos agentes que localizassem a vítima para que fosse formalizada a ocorrência. Até o momento, não há indicação de que o caso foi devidamente registrado. O agressor permanece em liberdade. 

Em nota, o Metrô Rio coloca os funcionários à disposição para assistência à vítima de assédio caso ela queira registrar a ocorrência.