Homens armados deixaram ao menos 14 mortos em uma festa na periferia de Fortaleza na madrugada deste sábado (27). Segundo a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Ceará, trata-se da maior chacina já registrada no Estado. Os disparos foram feitos aleatoriamente contra o público presente no local.
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Apenas sete vítimas foram identificados, mas os nomes ainda não foram divulgados. A secretaria informou, entretanto, que entre os mortos estão três homens maiores de idade e quatro mulheres, duas maiores e duas adolescentes. Ao menos seis pessoas seguem internadas e duas estão em estado grave, segundo o secretário da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará , André Costa.
Ainda não se sabe o motivo do crime. “O que nós temos de concreto é que, às 0h39min, recebemos uma chamada da Ciops (Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança) de um tiroteio em um local no bairro das Cajazeiras, conhecido como Forró do Gago. De imediato, viaturas do Cotam (Comando Tático Motorizado) compareceram ao local, depois, outras viaturas foram. Chegando lá, encontraram corpos e foram feitos trabalhos periciais”, afirmou Costa em entrevista à imprensa.
Cenário de violência
De acordo com estudo realizado pelo Ipea e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a taxa de homicídios por 100 mil habitantes no Estado do Ceará cresceu 47% entre 2010 e 2015, ano em que foram contabilizados 4.163 homicídios.
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Professor da Universidade Federal do Ceará e pesquisador do Laboratório de Estudos da Violência, Luiz Fábio Paiva afirma que parte desse número está ligada às facções criminosas . A hegemonia do crime no estado, segundo o pesquisador, tem sido disputada por dois grupos: uma aliança formada pelo Comando Vermelho e pela Família do Norte e, de outro, um grupo local conhecido como Guardiões do Estado, que receberia o apoio do Primeiro Comando da Capital (PCC). Para ele, o poder público é “completamente ineficaz no enfrentamento dessa situação”.
Na coletiva, o secretário de Segurança negou que o estado teria perdido o controle da segurança pública para as facções criminosas. “Não há perda de controle. É um evento isolado”, disse André Costa, acrescentando que “é uma situação criminosa, que foi organizada, que foi planejada e que veio a ser executada”. Ele comparou a situação com ataques em boates e shows em outros países, como nos Estados Unidos. Para ele, “não há motivo para pânico, para temor”.
Já Paiva aponta que não se trata de um fato isolado, mas de uma “sistemática de homicídios”. “Nós tivemos um momento de ‘pacificação’, de acordo entre esses grupos, mas logo em seguida nós tivemos aí uma deflagração de uma guerra entre vários grupos que atuam no Ceará. E, consequentemente, logo em seguida, nós começamos a observar várias chacinas”, diz o pesquisador.
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Em junho de 2017, uma chacina matou seis pessoas no bairro Porto das Dunas, também em uma festa. Em novembro, outra chacina vitimou quatro adolescentes privados de liberdade, que foram retirados por criminosos do Centro Educativo Mártir Francisca. "São várias chacinas sem resolução, sem que os responsáveis sejam presos e devidamente punidos", disse Paiva.
*Com informações da Agência Brasil