Banalização no uso das tropas federais preocupa, diz comandante do Exército

Eduardo Villas Bôas, comandante da instituição, também se diz preocupado com possível uso político das tropas federais durante as eleições de 2018

A Defesa informou que a atuação da Forças Armadas no Rio de Janeiro durante o carnaval não será liberada
Foto: Jorge Cardoso/Ministério da Defesa
A Defesa informou que a atuação da Forças Armadas no Rio de Janeiro durante o carnaval não será liberada

A infiltração do crime organizado nas tropas das forças armadas, decorrente de seu uso constante para suprir lacunas na segurança dos estados da federação “preocupa muito” o alto comando do Exército. Foi o que disse o general Eduardo Villas Bôas , comandante da instituição, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo publicada nesta segunda-feira (15).

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Para o general, há uma “tendência à banalização” no uso das tropas federais pelos estados, fruto, na opinião de Villas Bôas, da negligência dos governos estaduais com a segurança pública.

Entre os problemas citados pelo general, está a politização na escolha dos comandantes da Polícia Militar nos estados. O peso político-partidário das nomeações, disse, leva a divisões dentro da polícia que atrapalham “a hierarquia e a disciplina” dos batalhões. Aumenta, também, a chance de parte da polícia se aliciar ao narcotráfico , analisou o comandante.

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Villas Bôas também manifestou preocupação em que as tropas federais sejam usadas de forma política durante as eleições de 2018 . Ainda, disse ser “surpreendente” o que classificou como “certa passividade” da população frente à situação de insegurança.

“Estamos vivendo uma imposição do politicamente correto, vivendo uma verdadeira ditadura do relativismo e com uma tendência a que não se estabeleçam limites nas condutas”, opiniou.

Tropas no carnaval

O Ministério da Defesa e o Governo do Rio de Janeiro informaram que a atuação de militares das Forças Armadas no policiamento ostensivo do Rio de Janeiro durante o carnaval não será liberada. O ministro Raul Jungmann e o governador Luiz Fernando Pezão participaram na sexta-feira (12) de uma reunião sobre o plano integrado de segurança e afirmaram que não há necessidade de recorrer à medida, defendida na quinta-feira  (11) pelo prefeito do Rio de Janeiro , Marcelo Crivella.

O ministro da Defesa disse que a melhora na capacidade de pagamento salarial e de reposição de efetivo no governo do estado afasta essa necessidade. "Não há descontrole, não há desordem. O governo do estado enfrentou grandes eventos recentemente sem precisar de Forças Armadas."

Jungmann ainda acrescentou que empregar o Exército no patrulhamento do Rio geraria questionamento de outras cidades com grandes carnavais, como Recife e Salvador. 

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