As notificações de estupro no Distrito Federal aumentaram 32,4% em 2017 em relação ao ano anterior. A informação foi divulgada nesta segunda-feira (8) pela Secretaria da Segurança Pública de da Paz Social do DF.
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Foram registrados 883 casos de estupro no ano passado, contra 667 ocorrências em 2016. Cabe ressaltar que os números se referem apenas aos estupros que geraram denúncias policiais; o número real, portanto, certamente é maior, já que a subnotificação é comum neste tipo de crime.
Ainda de acordo com a secretaria, em mais da metade dos casos – 59% - havia vínculo entre agressor e vítima. Em 39% das ocasiões, o crime se deu na residência de uma das partes. Previsivelmente, meninas e mulheres constituem a maior parte das vítimas (quase 90%). Dos 883 casos, ainda, 543 tiveram como vítimas pessoas vulneráveis , como crianças e adolescentes.
Na análise de Edval Novaes, secretário da Segurança Pública e da Paz Social do DF, o aumento de casos tem relação com campanhas do governo contra a subnotificação.
O secretário reafirmou a importância da denúncia, pois “o primeiro passo é o registro ser feito na delegacia, para que a polícia possa atuar e, consequentemente, a pessoa ser julgada e, eventualmente, presa”.
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Novaes admitiu que o combate a esse tipo de crime é difícil, uma vez que envolve diferentes setores, como educação e assistência social, e por geralmente ocorrer em casa e entre pessoas conhecidas.
Cleide Lemos, integrante do Fórum de Mulheres do DF, disse que esse tipo de crime persiste “porque a cultura não está sendo alterada”. Ela lembra que o estupro é uma violência estrutural , consequência machismo na sociedade brasileira: “está ligado a uma forma de ver o mundo e de encarar as mulheres como objetos e patrimônio”, alertou.
Cleide, que é consultora legislativa do Senado Federal, disse que é possível adotar políticas públicas de prevenção do estupro, como discussões sobre gênero nas escolas – ideia rechaçada entre os setores mais conservadores da sociedade e do Congresso -, melhoria na iluminação das cidades e ocupação dos espaços públicos. Para Cleide Lemos, “algumas questões de urbanização podem contribuir para garantir um ambiente de mais segurança para as mulheres”.
* Com informações da Agência Brasil
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