Megaocupação do MTST no ABC Paulista é atacada a tiros, afirma movimento

Polícia Militar disse não ter sido informada sobre a ocorrência; líder do movimento social, Guilherme Boulos diz que uma pessoa ficou ferida

Ocupação do MTST em São Bernardo do Campo
Foto: GicaTV/Mídia NINJA
Ocupação do MTST em São Bernardo do Campo

O Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) afirmou que a megaocupação promovida por mais de 6 mil famílias em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, foi alvo de um ataque a tiros no fim da tarde deste sábado (16). A Polícia Militar alega que não teve conhecimento sobre essa ocorrência ao menos até as 18h15 desta tarde.

De acordo com o líder do MTST , Guilherme Boulos, uma pessoa foi atingida pelos disparos, mas foi ferida sem gravidade. Boulos alegou que os tiros partiram de condomínios de classe média-alta que circundam o terreno ocupado pelos militantes. A área de 60 mil metros quadrados localizada no bairro do Planalto pertence à incorporadora MZM e está ocupada desde o início do mês.

"Foram tiros vindos de um condomínio que fica ao lado da ocupação. Tiros de gente intolerante que não consegue conviver com pobres ao lado. Foi brutal", disse Boulos em vídeo.

O líder do movimento social atribuiu responsabilidade pelo ataque ao prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), que estaria "alimentando" esse tipo de enfrentamento.

"Se pensam que vão intimidar a luta por moradia, estão profundamente enganados. O movimento não vai recuar um único passo por conta desses gestos. A ocupação é uma luta legítima por moradia e por direitos sociais", afirmou.

A mega-ocupação é motivo de disputa jurídica e motivou também passeata em protesto contra decisão proferida nessa sexta-feira (15) pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) em suspender o cumprimento de ordem de reintegração de posse do terreno. 

Protesto, sexo e drogas

Segundo os líderes do Movimento Contra Invasão (MCI), que agrega moradores daquela região de São Bernardo do Campo, cerca de 2 mil pessoas participaram da manifestação realizada na manhã deste sábado. 

Em nota, o síndico de um dos prédios da região e apontado como líder do MCI, Marcelo Mendes Vicente, a decisão do TJ-SP em suspender a reintegração de posse "criou uma situação insustentável", uma vez que "os moradores se sentem inseguros, presos em seus apartamentos, em virtude do uso de drogas e sexo explícito no muro que separa os condomínios do terreno ocupado".

Em resposta ao ocorrido nesta tarde, o MTST anunciou a realização de um ato político às 17h deste domingo (17) em apoio à ocupação Povo Sem Medo. O evento será realizado no próprio terreno ocupado pelas famílias, na Rua José Augusto, em São Bernardo do Campo.