PF mira esquema de lavagem que movimentou R$ 200 milhões no Brasil e Venezuela

Agentes cumprem mandados no RS e em SP contra suspeitos de integrar organização criminosa que simulava venda de máquinas agrícolas para lavar recursos repassados por empresas venezuelanas – dentre elas uma estatal

Polícia Federal desarticula organização que praticava lavagem de dinheiro entre empresas do Brasil e da Venezuela
Foto: Agência Brasil
Polícia Federal desarticula organização que praticava lavagem de dinheiro entre empresas do Brasil e da Venezuela

Uma operação conjunta da Polícia Federal com apoio da Receita Federal e do Ministério Público Federal (MPF) visa combater organização criminosa especializada na prática de lavagem de dinheiro entre firmas sediadas no Rio Grande do Sul e em São Paulo com empresas da Venezuela – entre elas, uma estatal. De acordo com as investigações, o grupo teria movimentado mais de R$ 200 milhões somente no período de 2010 a 2014.

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Os agentes da Polícia Federal cumprem nesta segunda-feira (11) seis mandados de condução coercitiva contra pessoas suspeitas de envolvimento com a organização criminosa. Também são cumpridas na operação, batizada de Conexão Venezuela, quatro ordens judiciais de busca e apreensão em Porto Alegre, outras quatro em Passo Fundo (RS), duas em Erechim (RS), uma em Canoas (RS), uma em Americana (SP), e duas na capital paulista.

O esquema criminoso passou a ser investigado após a Receita Federal identificar transações financeiras atípicas realizadas por pessoas jurídicas do Rio Grande do Sul e de São Paulo. As movimentações indicavam que os valores teriam como origem pagamentos para o serviço de intermediação para exportação de máquinas e implementos agrícolas do Brasil para a Venezuela.

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Transações em contas no exterior

Segundo a PF, os investigadores identificaram que empresas sediadas na Venezuela (dentre elas, uma estatal), remeteram "vultosos valores" ao Brasil, a pretexto de aquisição desses equipamentos.

Grande parte dos pagamentos realizados, no entanto, nunca foi destinada aos fabricantes ou aos fornecedores desses equipamentos, conforme acusaram as investigações. Esses valores teriam circulado entre diversas contas bancárias até serem remetidos ao exterior, sendo que, em algumas ocasiões, tinham como destino final contas de empresas sediadas em paraísos fiscais.

A Polícia Federal informou que parte dos recursos remetidos para o Brasil pela estatal venezuelana (que não foi identificada) seria fruto de crime. Apenas no período de 2010 a 2014, os valores movimentados pela organização teriam ultrapassado R$ 200 milhões.

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