Família faz campanha para trazer estudante que teve AVC na Colômbia de volta

Lucas estava fazendo especialização na Colômbia quando foi internado em clínica particular; família não tem condições de arcar com as despesas

Foto: Arquivo pessoal
Lucas Junqueira estava em intercâmbio para uma especialização na Colômbia quando passou mal e foi internado

Duas semanas. Era o tempo que o jovem brasileiro Lucas Tadeu Assumpção Junqueira estava em intercâmbio em Bogotá, na Colômbia. Apenas duas semanas para o telefone da família tocar, na última quinta-feira (10), e descobrir que o estudante de 27 anos, a tantos quilômetros distante de casa, havia sofrido um Acidente Vascular Cerebral (AVC). A notícia veio pelo telefonema de uma amiga, feito do hospital para onde Lucas fora levado.

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Desde então, os familiares têm se mobilizado para arrecadar o dinheiro necessário para trazer o estudante de volta do intercâmbio para o Brasil, e também pagar as dívidas que se acumulam no hospital, as quais já ultrapassam os R$ 11 mil.

O jovem foi atendido em uma clinica particular de Bogotá, que solicitou o seguro de saúde. No entanto, segundo a família, o pacote comprado por Lucas para fazer a viagem era muito simples e, por isso, não cobre os custos para esse tipo de enfermidade. 

De acordo com a irmã do estudante, a advogada Nayara Assumpção Junqueira, o seguro contratado cobre um custo diário de apenas R$ 120, enquanto os gastos estão sendo de mais de R$ 2 mil por dia.

 “Ele estudou a geografia de lá, a história de lá e prestou para a Universidade da Colômbia e passou. Ficou trabalhando um tempão para pagar a passagem, não era nenhum programa, nem nada governamental. Ele voltaria de novo para o Brasil e continuaria do semestre que ele parou.”

Falta de informação

E a angústia da família encontrou outros obstáculos além da distância e da impossibilidade de permanecer ao lado de Lucas. Isso porque o hospital se recusou a passar informações sobre o estado de saúde do paciente por telefone. Assim, no início, só foi possível ter notícias de Lucas por meio da Embaixada do Brasil em Bogotá, que pediu para que pelo menos um familiar viajasse para a Colômbia para acompanhar o jovem.

Foto: Arquivo pessoal
Lucas é estudante de Geografia da Universidade de São Paulo (USP) e planejava permanecer por seis meses na Colômbia
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“Somos uma família de baixa renda, então teríamos dificuldades para mandar alguém para lá, seria muito complicado. Pedimos ajuda à embaixada, mas em questões financeiras eles não podem ajudar”, explicou Nayara.

Assim, encontraram uma forma para resolver o problema: começaram uma campanha para arrecadar dinheiro e mandar o irmão mais novo de Lucas , Matheus Jeronimo Assumpção Junqueira, até a Colômbia. “Conseguimos mobilizar bastante pessoas. Os professores da USP começaram uma campanha com os alunos. E, na sexta-feira, arrecadamos R$ 10.700, dinheiro suficiente para mandar o Matheus para Bogotá, e pagar toda a documentação necessária para isso no Brasil”, diz a irmã.

Estado grave

Com a ajuda recebida, Matheus chegou a Bogotá no sábado (12), quando, finalmente, passou a receber as informações do irmão mais facilmente, podendo acalmar um pouco o restante da família.

Segundo ele, o estado de saúde do irmão é grave, mas estável. O AVC paralisou o lado esquerdo do corpo de Lucas, que está se recuperando. Porém, os médicos dizem ter encontrado uma bactéria no coração e no sangue, o que está sendo analisado. “Ainda está tudo em fase de investigação. Eles não dão certeza do que está acontecendo”, lamenta Nayara.

Lucas é estudante de Geografia da Universidade de São Paulo (USP) e planejava permanecer por seis meses na Colômbia para fazer uma especialização. A irmã mais velha do jovem conta que ele sempre praticou esportes, não tem hipertensão e nunca tinha apresentado nenhum fator de risco. “Tanto é assim que ele está apresentando uma melhora extremamente significativa nos movimentos do corpo. Ele está falando, come bem... O único problema é essa bactéria”, pontua.

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Viagem “rápida e difícil”

Em entrevista ao iG , Matheus, que é estudante de Economia na USP, contou que, após comprar as passagens e organizar toda a documentação, teve ainda de avisar o que estava acontecendo com a família para uma assistente social da faculdade, para que, finalmente, “pudesse viajar tranquilo”. “Eu sou o irmão mais novo, eu tenho 22 anos, e nunca assumi uma responsabilidade tão grande assim. Mas, é obvio que eu assumiria essa responsabilidade por minha família, ele é meu irmão. E a necessidade de fazer isso é gigantesca”, afirma. 

Foto: Arquivo pessoal
Familiares têm se mobilizado para arrecadar o dinheiro necessário para trazer o estudante de volta do intercâmbio
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Matheus ainda afirma que tem feito três visitas diárias ao irmão e que é possível acompanhar sua recuperação dia a dia. Nos próximos dias, Lucas deve fazer um exame para descobrir o que causou o AVC e verificar se já está em condições de voltar para o Brasil.

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Procurado pela reportagem, o Itamaraty informou que a Embaixada do Brasil em Bogotá tomou conhecimento do caso e, desde então, mantém constante contato com familiares e amigos de Lucas e com os médicos da clínica onde ele está internado. No entanto, não é autorizado a passar mais informações sobre o estado de saúde do jovem que fazia intercâmbio. Em nota, informou ainda que “não há previsão legal ou orçamentária que permita pagamento, por parte do Itamaraty, de custos hospitalares ou de transferência para o Brasil”.