Refugiado sírio Mahamed Ali mora há três anos no Brasil e trabalha em uma barraquinha de comidas árabes
Facebook/ Mahammed Ali
Refugiado sírio Mahamed Ali mora há três anos no Brasil e trabalha em uma barraquinha de comidas árabes

Um refugiado sírio foi vítima de agressão enquanto trabalhava em Copacabana, no Rio de Janeiro. Imagens que circulam pelas redes sociais mostram Mohamed Ali sendo agredido por um homem brasileiro, que segurava uma barra de ferro, supostamente por causa do ponto de venda. O ataque foi feito na Rua Santa Clara, onde o estrangeiro trabalhava em uma barraquinha em que vendia esfihas e outras comidas árabes.

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No vídeo, é possível ver o homem com barras nas mãos, gritando a Mohamed: “sai do meu País, sai do meu País”. "Eu sou brasileiro e estou vendo meu País ser invadido por esses homens-bomba miseráveis que mataram crianças, adolescentes. São miseráveis", diz o agressor. "Vamos expulsar ele!". Logo no começo das imagens, o sírio aparece recolhendo mercadorias, que haviam sido jogadas no chão.

Veja o vídeo:


Em um dos comentários do vídeo publicado no Facebook, Mohamed conta que já mora aqui há três anos. “Vim pro Brasil porque eles abriram as portas pra todos os refugiados. Todos os meus amigos estão trabalhando. Estamos trabalhando arduamente. Estou muito sentido, porque nunca pensei que isso pudesse acontecer comigo”, escreveu o estrangeiro.

O refugiado explica ainda que foi a guerra na Síria  que o colocou nessa situação e que escolheu o Brasil por ser um país que “aceita muito outras culturas e religiões e as pessoas são amáveis e todos os refugiados procuram paz”.

“Não sou terrorista, se eu fosse, eu não estaria aqui, estaria lá lutando como eles fazem”, defende. “Moro no Brasil e aqui já é minha pátria. Espero que não aconteça isso com mais ninguém, de nenhuma nacionalidade, credo”, conclui.

Procurada pela reportagem do iG , a  Secretaria de Estado de Direitos Humanos e Políticas para Mulheres e Idosos (SEDHMI) informou que está acompanhando o caso.

"É inaceitável casos de xenofobia e intolerância religiosa ainda aconteçam no Rio de Janeiro. Essas pessoas saíram dos seus países por serem vítimas de algum tipo de perseguição e viram no Brasil uma oportunidade de recomeço. Eles trazem uma grande contribuição para a economia do estado, além da rica troca cultural com os fluminenses.", disse o secretário Átila A. Nunes.

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O refugiado participou do curso de português oferecido pela secretaria no ano passado e a SEDHMI já está em contato com a família para prestar a assistência necessária neste momento.

Solidariedade brasileira

O vídeo que viralizou nas redes sociais recebeu milhares de comentários de brasileiros pedindo desculpas ao estrangeiro pela atitude do homem. “Esta pessoa não representa a maioria do povo brasileiro. Se temos uma qualidade, essa qualidade é ser acolhedores com todas as religiões e culturas”, escreveu um internauta.

Na página pessoal do sírio, há outras centenas de comentários de brasileiros que, envergonhados, pedem desculpas pela violência sofrida na sexta-feira. Mohamed, inclusive, chegou a escrever uma mensagem agradecendo pelo carinho e apoio recebidos. "Quando a chuva cai, vc nao deve ficar totalmente temeroso, porque a chuva faz com que as flores cresçam. Eu espero paz pra viver. Eu sei que os brasileiros são muito amáveis mas nunca poderia imaginar o quanto ! Não estou com medo pois sei que estou numa grande família", escreveu.


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