Nesta terça-feira (26), a Polícia Militar do Estado de São Paulo realizou uma operação para combater uma quadrilha que praticava o tráfico de animais silvestres no Estado. A ação foi desencadeada em Embu das Artes na área do 3º pelotão da 2ª CIA do 1 BPAmb.
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Os animais foram encontrados em uma casa luxuosa, afastada do centro urbano e longe de qualquer suspeita. Segundo a Polícia Militar Ambiental , no local foram achados 19 pequenos primatas da fauna silvestre, entre eles micos-leões-dourados, macacos-prego e saguis. Os Policiais também apreenderam aparato para microchipagem, notas fiscais falsificadas, seringas e viveiros adaptados. As seringas eram usadas pra introduzir microchips falsificados na pela dos bichos, como se os animais fossem controlados e liberados pelo IBAMA.
"Recebemos uma denúncia que existia esse cativeiro no local e a partir daí fizemos todo o trabalho de inteligência para desencadear a operação. Não podemos afirmar, mas há indícios que no local os animais também estavam procriando", afirmou o Tenente Escobar, comandante da ação.
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A Polícia investiga, agora, se o local servia como centro de distruibuição de animais. A suspeita é que a residência recebia macacos coletados da natureza em diversas regiões do País, inclusive de outros Estados e que faça parte da rede de tráfico de animais silvestres, que movimenta milhões em dinheiro sujo no Brasil e no mundo. "
Uma mulher que estava na casa acabou sendo encaminhanda para delegacia e vai responder por manter em cativeiro espécimes nativas sem autorização e também por maus tratos. A suspeita recebeu um multa de R$ 34.500,00. "Quando a mulher foi presa, ela já começou a passar todas as informações. Ela já é conhecida e reincidente no crime. Ela tinha muitos contatos e uma rede muito grande de contatos que agora serão todos analisados pela nossa área de investigação. Para prender toda a quadrilha. Vamos checar todas as informações e ver o que é verdade. Mas ela passou bastante coisa. ", revelou o Tenente Escobar.
Dois micos-leões-dourados, dois macacos-prego, além de 15 saguis (do tufo preto, branco e híbrido) foram encaminhados para o CRAS PET do Parque Ecológico do Tietê, onde receberam tratamento e serão reintegrados a natureza. "Ali o animal fica em quarentena, passa pelos veterinários e daí vão determinar se eles podem ser soltos no habitat natural ou se terão que ir para algum tipo de centro animal", disse o Tenente.
De acordo com a Polícia Militar Ambiental, estima-se que para cada animal retirado na natureza e colocado à venda, outros nove acabam morrendo nas mãos dos traficantes, vítimas do abuso e maus tratos decorrentes da captura e transporte precários. "A infratora revelou que o preço de uma sagui circula em torno de R$ 400, já um mico-leão ou um macaco-prego podem ser vendidos por até R$ 8 mil no mercado negro", finalizou Tenente.
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Projeto de Lei
Um projeto de lei de 2003 quer tornar mais rígida a legislação que trata do tráfico de animais silvestres no Brasil está pronto para ser votado na Câmara dos Deputados. O PL 347/2003 foi proposto no final da Comissão Parlamentar de Inquérito que investigou o tráfico de animais e plantas silvestres durante novembro e dezembro de 2002 e janeiro de 2003.
O Projeto de Lei já está entre os que podem ser votados pelo plenário da Câmara, dependendo, portanto, de o presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ) determinar quando isso acontecerá. O PL faz algumas alterações importantes na Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/1998).