Centrais sindicais e movimentos sociais convocaram, para esta sexta-feira (30), uma nova greve geral. O protesto é contrário à aprovação das reformas da Previdência e trabalhista.
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Esta é a segunda greve geral nacional convocada pelas centrais sindicais. A primeira ocorreu no dia 28 de abril, quandos trabalhadores de várias categorias pararam em diversas cidades do País.
Nesta sexta, a paralisação vem afetando os serviços básicos de saúde, as aulas, o trânsito e o funcionamento do transporte público em diversos estados.
São Paulo
Na Grande São Paulo, o transporte público não foi afetado. Todos os ônibus, trens e metrôs funcionam normalmente. Quem está sofrendo reflexo das manifestações são os motoristas, que passam por vias congestionadas por protestos, no centro, na Rodovia Anchieta e nas marginais.
Dentro do Aeroporto de Congonhas, manifestantes fizeram um ato no sanguão de embarque. Apesar disso, o aroporto funciona normalmente. Do lado de fora, passageiros têm dificuldades para chegar até o local, por conta do congestionamento causado pelos protestos, que seguem pacíficos. Em Cumbica, há manifestação do lado de fora do aeroporto também, dificultando o acesso ao local.
Segundo a CUT, há a adesão de bancários, professores, petroleiros e profissionais da saúde no estado.
Distrito Federal
O transporte público do Distrito Federal foi afetado pela greve. Ônibus de pelo menos quatro empresas permaneceram nas garagens e estações de metrô amanheceram fechadas. De acordo com a Central Única dos Trabalhadores do Distrito Federal (CUT-DF), pelo menos 13 categorias devem aderir ao movimento.
Além disso, o trânsito na Esplanada dos Ministérios foi bloqueado. A interdição começa na Rodoviária do Plano Piloto, sentido Palácio do Planalto.
Além de 2.600 policiais militares na área central da cidade, 400 homens da Força Nacional estão, desde as 5h, fazendo a segurança patrimonial dos ministérios.
Na greve de 28 de abril, vários prédios foram alvo de vandalismo. A operação seguirá até o fim do protesto, que têm expectativa de público, segundo a PM, de 5 mil pessoas.
Para impedir a entrada de manifestantes com paus, pedras, granadas, barras de ferro ou qualquer material que possa ser usado como arma, policiais militares montaram vários cordões de revista nos acessos de pedestres ao local. Até mesmo os funcionários dos ministérios são abordados.
O prédio do Congresso Nacional também está com as visitas suspensas. O acesso à Câmara e ao Senado só é permitido a parlamentares, servidores e pessoas credenciadas.
Também em Brasília, o Sindicato dos Professores (Sinpro) aderiu à paralisação e não há previsão de aulas nas escolas públicas da capital. Na Universidade de Brasília (UnB) também não deve haver aula.
Assim como em São Paulo, os bancários também participam da manifestação. A previsão é de que as agências fiquem fechadas durante todo o dia.
Rio de Janeiro
No Rio de Janeiro, por volta das 8h desta sexta, eram registrados 50 quilômetros de lentidão por conta das manifestações. Às 6h20, a cidade entrou em estágio de atenção
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O estágio de atenção é um nível intermediário em uma escala de três - o de vigilância denota normalidade no trânsito da cidade e o de alerta mostra que há problemas mais graves. O estágio de atenção significa que há reflexos relevantes na mobilidade.
Às 7h35, haviam interdições na Avenida Brasil, na pista central, no sentido centro, na altura da Penha; na Avenida 20 de Janeiro, que dá acesso ao Aeroporto Internacional Galeão/Tom Jobim e na Rua Leopoldo Bulhões, na altura dos Correios.
O Sindicato dos Bancários informou que os trabalhadores da cidade estão aderindo à greve desta sexta-feira. A expectativa do sindicato, que representa a categoria, é de que as agências bancárias, além dos cinco centros administrativos dos bancos, não funcionem nesta sexta.
Além disso, a greve atinge também a área da educação. A Secretaria de Estado de Educação informou que as unidades escolares funcionarão normalmente. Em contraponto, o Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe) diz que os professores aderiram à greve.
Bloqueio e paralisação em todo o Brasil
Em Alagoas, os rodoviários paralisaram suas atividades entre as 8h e as 12h. Além disso, servidores da Eletrobras e da Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal) também aderiram à greve.
No Espírito Santo, os ônibus circularam normalmente pela manhã, mas manifestantes bloquearam uma via em frente à Rodoviária de Vitória.
Em Goiás, a saída de ônibus foi bloqueada, prejudicando a circulação dos carros. No Ceará, protestos também impediram a circulação de ônibus. Além disso, os bancos não abriram. No Pará, os rodoviários paralisaram as atividades. Na Paraíba, os manifestantes também bloquearam a saída dos ônibus das garagens.
Na Bahia, os veículos ferroviários também não circularam. O metrô, no entanto, opera normalmente. No Maranhão, os bancários, professores da rede pública estadual, vigilantes, petroleiros, motoristas e cobradores de ônibus, metalúrgicos, disseram que aderiram à greve.
Em Minas Gerais, manifestantes colocaram fogo em pneus, pela manhã, bloqueando uma importante via em Belo Horizonte. O metrô abrirá apenas às 12h, mas os ônibus funcionam normalmente.
No Paraná, houve bloqueio de rodovias por manifestantes, assim como no Pernambuco. Em Santa Catarina, o bloqueio na BR-282 resultou em um confronto entre a polícia e manifestantes.
Reformas propostas pelo governo
De acordo com o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, as reformas propostas pelo governo federal trazem riscos trabalhadores e para o País. “Não vai ter geração de emprego, vai ter bico institucionalizado. Vai ser o fim do emprego formal, que garante direitos conquistados, como férias e décimo terceiro salário”, diz Freitas.
Na última quarta-feira (28), houve aprovação do parecer favorável à reforma trabalhista na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.
O governo federal argumenta que as reformas são necessárias para garantir o pagamento das aposentadorias no futuro e a geração de postos de trabalho, no momento em que o país vive uma crise econômica.
O argumento é que, sem a aprovação da reforma da Previdência, a dívida pública brasileira entre em "rota insustentável" e pode “quebrar” o país”, como disse o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira.
Sobre a reforma trabalhista, o governo afirma que a proposta moderniza a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), de 1943. E que as novas regras, como a que define que o acordo firmado entre patrão e empregado terá mais força que a lei, estimulará mais contratações.
O secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, diz que a ideia da greve geral é tentar pressionar o Congresso Nacional para ampliar a negociação sobre as reformas. “As paralisações e manifestações são os instrumentos que estamos usando para pressionar e ter uma negociação mais séria em Brasília que não leve a um prejuízo aos trabalhadores”, diz.
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* Com informações da Agência Brasil.