Através da sua área de inteligência, a ROTA (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar, um dos Batalhões de Choque da elite da Polícia Militar paulista), tem como missão primária o patrulhamento ostensivo nas áreas de maior índice de criminalidade e violência da cidade de São Paulo. A história que vamos compartilhar hoje, inclui como sempre bandidos armados, mas foge um pouco deste cenário: envolve uma senhora de 84 anos, dólares, um bilhete premiado da Mega-Sena de R$20.000.000,00 e acontece numa das áreas mais nobres da cidade.
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Imagine que você está andando pela Avenida Faria Lima, conhecida por seus modernos prédios empresariais, restaurantes e pelo famoso Shopping Iguatemi, templo do consumo de alto padrão, quando um homem bem vestido te aborda com um bilhete premiado da Mega-Sena e faz uma oferta de muito dinheiro fácil e imediato. O truque é antigo, mas muitas vítimas ainda caem. Os policiais do Primeiro Batalhão de Choque, da ROTA não, eles prendem.
Esse caso ocorreu nesta terça-feira (14). PMs da ROTA faziam uma ronda pela região da Faria Lima, quando suspeitaram de quatro homens dentro de um carro. Ao realizar a abordagem, um dos suspeitos se apresentou como advogado e disse que não iria permitir que seu veículo fosse revistado. Exatamente o que a equipe da ROTA precisava ouvir para retirar todos os ocupantes do carro e procurar entender melhor o que estava acontecendo.
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Seguindo o protocolo de abordagem, os quatro suspeitos foram separados, e em minutos começaram a "cantar", esclarecendo toda a situação. O mesmo homem que se dizia advogado foi quem informou aos Policiais que dentro do veículo havia uma maleta com US$ 11 mil dólares. O dinheiro era fruto de um golpe realizado momentos antes contra uma senhora de 84 anos.
O crime
Horas antes, um dos quatro homens presos abordou a vítima nas proximidades do Shopping Iguatemi. O suspeito dizia ter um bilhete premiado da Mega-Sena de R$ 20 milhões, mas que estava confuso e precisava de auxílio dela para sacar o prêmio. Em troca da ajuda, a senhora receberia R$ 200 mil.
Neste momento, para facilitar o golpe, um segundo integrante da quadrilha se aproximou com o objetivo de dar um ar de que a coisa toda era real. Além de se apresentar como advogado, o homem informou que também já havia trabalhado na Caixa Econômica Federal, e que por isso podia confirmar que o bilhete era efetivamente real.
Convencida de que tudo era verdade, a senhora foi com o primeiro homem retirar o prêmio, mas no meio do caminho ele teve uma "crise de consciência" e desistiu do prêmio, dizendo que não poderia cometer este pecado, já que sua religião não permitia jogos. Ele então ofereceu trocar o bilhete de R$ 20 milhões por uma quantia que a vítima conseguisse levantar, já que a sua "fé" não seria ofendida ao receber presentes. Ela foi a uma casa de câmbio, comprou US$ 11 mil dólares e entregou ao criminoso que fugiu em seguida, deixando com ela o bilhete "premiado".
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A quadrilha não foi feliz na fuga. Os quatro suspeitos foram abordados logo em seguida pela equipe da ROTA comandada pelo Tenente Akira. Os estelionatários afirmaram que estavam em um hotel no centro da cidade. No local, os PMs encontraram um segundo carro, que também foi apreendido, e uma pistola calibre .380.
"A gente não suspeitou deles. Eles estavam sempre bem vestidos e se hospedaram aqui no hotel várias vezes", afirmou o gerente do hotel próximo à Rua Augusta.
Enquanto eram encaminhados ao 15º Distrito Policial, um dos celulares dos criminosos recebeu uma ligação da senhora que havia sido vítima do golpe. Desesperada, ela dizia que o bilhete era falso. Foi nesse momento que os Policiais da ROTA a informaram do golpe e pediram que ela fosse para o DP.
"Fiquei surpresa. Não acreditei que tinha caído em um golpe desses. Quando o homem que falou que tinha trabalhado na Caixa chegou, eu acreditei. Ainda mais que estavam todos bem vestidos", disse a vítima de 84 anos.
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O delegado de plantão afirmou que os suspeitos eram todos de Curitiba e que já respondiam a inquéritos pelo mesmo tipo de crime. A quadrilha realizava viagens semanais para diferentes cidades do País para aplicar o golpe. Segundo o delegado, na semana passada eles estavam no Rio de Janeiro.
Os quatro presos vão responder por estelionato, associação criminosa e porte ilegal de arma de fogo.
"Pegamos o celular de um dos suspeitos e no WhatsApp o grupo se auto intitulava 'tropa de elite'. Mal sabiam eles que iriam encontrar com a verdadeira Tropa de Elite aqui em São Paulo: a ROTA", finalizou o Tenente Akira do Primeiro Batalhão de Choque.
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