A Polícia Militar do Espírito Santo indiciou, nesta sexta-feira (10), 703 policiais militares pelos crimes de revolta, devido à paralisação da categoria em todo o estado.
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O policiamento no Espírito Santo está interrompido desde a última sexta-feira (3), quando familiares dos policiais militares começaram um protesto na frente dos quartéis, evitando que tais agentes saíssem às ruas para o patrulhamento de rotina.
A manifestação conta com os familiares dos policiais justamente porque eles são impedidos legalmente de participar de qualquer movimento político, ato, protesto, manifestação ou paralisação. Se condenados, os policiais indiciados pegarão a pena de 8 a 20 anos de detenção em um presídio militar e a expulsão da corporação.
Esses policiais tiveram o ponto cortado desde sábado (4) e não vão receber o salário referente ao mês de fevereiro. O secretário de Segurança Pública, André Garcia, informou que eles foram indiciados pelo crime militar de revolta por estarem armados e aquartelados nos batalhões.
O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Nylton Rodrigues, disse que o número de indiciamentos “com certeza” irá aumentar muito. Segundo ele, o Comando da Polícia Militar identificou que os homens que estão participando do movimento grevista são os que têm menos tempo de serviço na corporação.
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“Esse movimento é realizado pelos praças [soldado, cabo, sargento e subtenente]. Não é um movimento dos oficiais”, afirmou o comandante-geral, em entrevista à imprensa na sede da Secretaria de Segurança Pública. “Nossa tropa escolheu a forma errada [de negociação]. Não se negocia com a arma na cabeça.”
O secretário de Segurança também afirmou que o governo está identificando por meio de imagens as mulheres e os parentes que estão participando das manifestações e bloqueiam a entrada dos quartéis para evitar a saída das viaturas. O objetivo é responsabilizar civilmente essas pessoas. A relação dos parentes que estão à frente do movimento será encaminhada para o Ministério Público Federal.
“Essas pessoas vão pagar os custos da mobilização das tropas federais do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. O recado está dado para os familiares. Não vão sair isentos desse processo”, disse Garcia.
Negociações e medidas
O secretário de Segurança Pública disse que as tropas das Forças Armadas e da Força Nacional não serão mobilizadas em um primeiro momento para retirar as mulheres que bloqueiam a entrada dos batalhões, mas não descartou essa possibilidade.
A cúpula da segurança pública anunciou as ações que serão tomadas após reunião de negociação com o movimento grevista da Polícia Militar.
O encontro entre os secretários do governo do Espírito Santo e representantes das mulheres e das associações de classe dos policiais militares terminou sem acordo no início da madrugada desta sexta-feira após dez horas de reunião.
Desde segunda-feira (6), o patrulhamento no estado tem sido feito pelas Forças Armadas e pela Força Nacional. O Ministério da Defesa anunciou nesta quinta-feira (9) o reforço na segurança em todo o estado.
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O comandante da força-tarefa da Operação Capixaba, general Adilson Katibe, disse que, até o fim de semana, o número total de militares no Espírito Santo deve chegar a 3 mil homens. A força-tarefa conta atualmente com 1.783 homens, sendo 1 mil do Exército, 373 da Marinha, 110 da Força Aérea e 300 da Força Nacional.
* Com informações da Agência Brasil