Dois detentos foram mortos após uma rebelião na prisão estadual de Sarandi, no Rio Grande do Sul. O motim teve início por volta de 7h e demorou cerca de duas horas para ser controlado. Segundo a Susepe (Superintendência dos Serviços Penitenciários) do Estado, a situação foi controlada pelos próprios agentes penitenciários.
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A administração do presídio informa que a confusão teve início quando 12 presos tomaram as chaves dos portões da galeria e invadiram uma cela, onde mataram dois detentos rivais. Depois, foram para o pátio da prisão e fizeram outros três internos como reféns. Durante o tumulto, colchões foram incendiados.
Para mediar uma solução, foram chamados ao local o promotor Rafael Ricaldi, da Vara de Execução local, e o delegado penitenciário regional, Rosalvaro Portela. Policiais do Batalhão de Operações Especiais da Brigada Militar acompanharam a negociação.
Rosangela Martins de Aguiar, administradora do presídio, disse que a negociação durou cerca de uma hora. "Na verdade, o objetivo deles era matar os presos inimigos. Depois, o que eles fizeram foi para se resguardar, por medo de represálias", afirmou. Ela assegurou que a rebelião não tem relação com os outros motins que aconteceram no País ao longo das últimas semanas. "Aqui neste presídio nós não temos facções criminosas. Essa é uma inimizade deles, são brigas pessoais", ressaltou.
Após o término da rebelião, os 12 presos envolvidos na origem do tumulto retornaram às celas e vão responder criminalmente pelo assassinato. As famílias das vítimas já foram informadas pela administração do presídio. Os nomes não foram divulgados.
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A Susepe informa que o Departamento de Segurança e Execução Penal montou um grupo de gerenciamento de crise com o diretor, o setor de inteligência e o delegado regional para deliberarem ações com objetivo de evitar novas situações do tipo. A Corregedoria Geral dos Serviços Penitenciários irá instaurar sindicância para apurar os fatos na esfera administrativa.
Crise penitenciária
Desde o início do ano, mais de 100 presos morreram em rebeliões em penitenciárias no Amazonas, Rio Grande do Norte e Roraima após confrontes entre facções criminosas rivais. A situação levou o governo a enviar a Força Nacional e as Forças Armadas para auxiliar as polícias e os agentes penitenciários.
Reportagem do iG publicada neste mês revelou que, entre 2009 e 2016, o governo federal gastou apenas 22,8% do que arrecadou para o Funpen (Fundo Penitenciário Nacional) . Em oito anos, a receita do fundo foi de R$ 1,7 bilhão. Entretanto, somente R$ 388 milhões foram reinvestidos em melhorias no sistema penitenciário. A falta de investimentos no sistema carcerário é apontada por especialistas como uma das razões para a crise.
No dia 9 de janeiro, o presidente Michel Temer (PMDB) anunciou a construção de cinco presídios federais no Brasil. Uma prisão será instalada no Rio Grande do Sul.
* Com informações da Agência Brasil