Alertado pelo juiz da Vara de Execuções Penais de Natal em 2015, o governador do Rio Grande do Norte fez vistas grossas para o problema de superlotação nas cadeias do seu Estado. A situação é tão grave no sistema penitenciário do RN que em breve Robison Faria terá um "Massacre do Carandiru" para chamar de seu. Em entrevista nesta quarta-feira (18) para a rádio "CBN", ele responsabiliza o governo federal, o estado de São Paulo, que segundo ele exportou a liderança do PCC para resto do País, e também o estado do Amazonas onde a recente onda de massacres teve início há duas semanas.
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Segundo dados do Observatório de Violência Letal Intencional, as 26 mortes no terrível episódio dentro da penitenciária de Alcaçuz, no último sábado (14), levaram o Rio Grande do Norte a ter o final de semana mais violento da história. Outras 17 mortes ocorreram fora dos presídios, o que revela o total caos ao qual o governador do estado se mostra totalmente despreparado para conter.
Na manhã dessa terça-feira (17), fomos obrigados a assistir, novamente, a imagens de barbárie nas redes de televisão do País, os presos da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, em Nísia Floresta, no Rio Grande do Norte, estão soltos no pátio da prisão e dividos em facções criminosas rivais entram em confronto hora ou outra. E o Governador? Está esperando ajuda federal e diz que a situação esta sob controle.
Robison Faria possui uma conceito bastante particular para o uso da palavra "controle". Nesta quarta, a polícia controla as áreas externas do presídio, mas do lado de dentro quem manda são os presidiários, portando todo tipo de armas, inclusive de fogo. Isso é controlar ou observar passivamente, governador?
Mas por que tamanho descaso com a situação dos presídios? Por que tamanha omissão quando o caso exige uma atitude rápida e enérgica? Ainda em 2015, Robison Faria fugiu da responsabilidade quando foi avisado pelo juiz Henrique Baltazar sobre o caos e que deveria agir rapidamente. Segundo o magistrado, o "Estado não tem controle eficiente nem sobre onde está cada preso. Assim como não consegue - aparentemente nem tenta - controlar as ações das facções criminosas, que se arvoram no poder de fazer imposições ao Estado", disse em entrevista ao "UOL".
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Mas parece que Robison Faria teve uma ideia revolucionária que pode resolver todo esse problema. O governo do Estado anunciou a construção de um muro! A 'genial' medida tem como objetivo tentar conter as mortes e separar os integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) e do Sindicato do Crime do Rio Grande do Norte. Isolado, Robison Faria tenta jogar a culpa do desastre penitenciário que seu estado vive no governo de São Paulo e no PCC. Para Robison, a crise carcerária que está de baixo do seu nariz é reflexo da "distribuíção" dos detentos que são filiados ao Primeiro Comando da Capital.
Na manhã desta quarta-feira (18), o governo federal anunciou a tábua da salvação que o governador do Rio Grande do Norte tanto esperava. O Ministério da Defesa, responsável pela coordenação das três Forças Armadas, vai enviar suas tropas para limpar a sujeira que Robison espalhou durante anos.
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Após a ajuda pontual das Forças Armadas, vamos torcer para que Robison Faria saia de trás de sua confortável cadeira e assuma as ações que se esperam de um líder de estado que enfrenta problemas e necessita de ações imediatas.