Premiê da Dinamarca reúne líderes partidários após fala de Trump sobre Groenlândia

A primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, reuniu, nesta quinta-feira (9), líderes partidários de seu país para informá-los das "medidas adotadas" após as declarações do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre anexar a Groenlândia...

Mette Frederiksen, primeira-ministra da Dinamarca, durante cúpula da UE em Bruxelas, em 17 de outubro de 2024
Foto: NICOLAS TUCAT
Mette Frederiksen, primeira-ministra da Dinamarca, durante cúpula da UE em Bruxelas, em 17 de outubro de 2024
NICOLAS TUCAT

A primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, reuniu, nesta quinta-feira (9), líderes partidários de seu país para informá-los das "medidas adotadas" após as declarações do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre anexar a Groenlândia, que causaram surpresa e ceticismo entre dirigentes europeus.

Na terça-feira, Trump, que voltará à Casa Branca em 20 de janeiro, suscitou incredulidade na Dinamarca ao afirmar suas intenções de anexar o território autônomo dinamarquês, sem descartar uma intervenção militar.

Desde o fim de 2024, o republicano tem reiterado suas intenções expansionistas, assegurando que o controle da Groenlândia é "uma necessidade absoluta" para "a segurança nacional" dos Estados Unidos e "a liberdade em todo o mundo".

Neste contexto, a primeira-ministra dinamarquesa decidiu reunir os líderes dos partidos representados no Parlamento de seu país.

"Nos reunirmos com os líderes partidários nos permite compartilhar as medidas que o governo adotou nos últimos dias", disse a jornalistas o ministro das Relações Exteriores, Lars Løkke Rasmussen.

A Dinamarca não se encontra em uma "crise diplomática", mas isto não significa que "não poderia haver uma [...] se as palavras virarem ações", avaliou o ministro.

"Acredito que é preciso levar Trump muito a sério, mas não necessariamente ao pé da letra", ressaltou.

Donald Trump já tinha colocado a Groenlândia na mira em 2019, durante seu primeiro mandato (2017-2021), afirmando querer comprar o território, uma proposta que a primeira-ministra dinamarquesa qualificou como "absurda".

Com 57 mil habitantes, a Groenlândia busca obter sua soberania, mas segue dependendo financeiramente da Dinamarca.

O território, onde os Estados Unidos têm uma base militar, possui enormes reservas minerais e petrolíferas inexploradas, embora a prospecção de petróleo e urânio esteja proibida.

- "No centro do mundo"-

Líderes europeus apoiaram rapidamente a soberania da ilha do Ártico.

A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, descartou, nesta quinta, a possibilidade de que os Estados Unidos tomem à força a Groenlândia e disse que suas palavras constituíam "mais uma mensagem [dirigida] a (...) outros grandes atores mundiais".

O primeiro-ministro belga, Alexander De Croo, pediu para "manter o sangue frio" diante da multiplicação das declarações polêmicas do republicano.

"Uma das lições do primeiro mandato do presidente Trump é que não se deve reagir a tudo", afirmou.

A chefe da diplomacia da União Europeia, Kaja Kallas, defendeu a "integridade territorial e a soberania" da Groenlândia.

O Kremlin disse, por sua vez, que acompanha "de perto" a retórica "dramática" de Trump e lembrou que o Ártico é uma zona de "interesse nacional", onde a Rússia deseja "manter a paz e a estabilidade".

O Reino Unido evitou condenar as declarações do presidente eleito americano.

"Não estou aqui para condenar nosso aliado mais próximo", disse o chefe da diplomacia britânica, David Lammy, à Sky News, acrescentando que sua tarefa "é interpretar o que há por trás disto".

O governo do território autônomo reafirmou, por sua vez, a vontade de controlar o próprio destino, ao mesmo tempo em que permanece próximo de seu aliado americano.

"A Groenlândia pertence ao povo da Groenlândia e só seu povo decide o desenvolvimento e o futuro da Groenlândia", insistiu o governo.

O primeiro-ministro groenlandês, Mute Egede, disse, nesta quinta, que o território estava "entrando em uma nova era, em um novo ano, onde a Groenlândia está no centro do mundo".

A primeira-ministra dinamarquesa deve se reunir, nesta sexta, com os representantes da Groenlândia e das Ilhas Faroé, outro território autônomo dinamarquês, em uma reunião bianual do reino da Dinamarca.

AFP