O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, e o chefe da Tesla e da SpaceX, Elon Musk,  no Madison Square Garden, em Nova York, EUA, em 16 de novembro de 2024
KENA BETANCUR
O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, e o chefe da Tesla e da SpaceX, Elon Musk, no Madison Square Garden, em Nova York, EUA, em 16 de novembro de 2024
Kena Betancur

Os líderes tecnológicos continuam apoiando Donald Trump, e o anúncio do Facebook de que encerrará seu programa de checagem de fatos nos EUA é a mais recente vitória do presidente eleito e de seu assessor bilionário Elon Musk.

"Voltamos às nossas origens", afirmou na terça-feira (8) o chefe da Meta, Mark Zuckerberg, quem sempre se negou a considerar sua empresa como uma empresa de imprensa sujeita a limitações de conteúdo. Ele prefere descrevê-la como uma rede de distribuição.

Até o momento, nenhum CEO de uma empresa de tecnologia dos EUA expressou apoio tão direto ao conceito radical de liberdade de expressão defendido por Trump e Musk.

Donald Trump ataca os meios de comunicação que o criticam, mas defende o livre fluxo de conteúdo de seus seguidores nas mídias sociais, que muitas vezes amplificam sua retórica anti-imigração, a hostilidade contra pessoas transgênero e as ameaças a seus oponentes.

“Para aqueles de nós que lutaram durante anos na guerra da liberdade de expressão”, essa é "uma grande vitória e um ponto de inflexão", disse David Sacks, empresário e futuro conselheiro de Trump sobre inteligência artificial (IA) e criptomoedas.

Este amigo de Elon Musk comemorou que a Meta "corrigiu sua trajetória".

"Obrigado, presidente Trump, por criar este realinhamento político e cultural", escreveu.

“Faz sentido abordar essa decisão (da Meta) de um ângulo político”, disse à AFP Ethan Zuckerman, professor de políticas públicas, comunicação e informação da Universidade de Massachusetts.

- “Difícil, caro e controverso” -

O acadêmico lembra que Dana White, apoiador de Trump, entrou para a equipe de gerenciamento do Facebook.

A decisão anunciada na terça-feira também “favorece os objetivos financeiros de Zuckerberg: a verificação de dados é uma atividade difícil, cara e controversa”, diz o pesquisador, que recentemente processou a Meta por causa do desempenho de seu algoritmo.

“Os partidos políticos, assim como as mídias sociais, prosperam com a divisão, portanto, não é muito surpreendente (que uma empresa) como a Meta pare de verificar os fatos”, diz Wendy Schiller, professora de ciências políticas da Brown University.

Outros líderes do setor sinalizaram de forma mais discreta sua disposição de cooperar com o novo governo Trump após o fim do mandato de Biden, que foi marcado por um tom severo em relação às empresas de tecnologia acusadas de permitir a proliferação de desinformação e discurso de ódio.

Donald Trump planeja atacar essas empresas e a mídia em geral. No passado, ele atacou a rede social, especialmente depois que foi temporariamente banido do Facebook e do Twitter, que foi adquirido por Elon Musk e renomeado para X.

Na terça-feira, o presidente eleito avaliou que o chefe de Meta “provavelmente” reagiu às ameaças feitas por ele.

- “Cartel da censura" -

O republicano escolheu Brendan Carr, um defensor da desregulamentação do setor de tecnologia, para chefiar a poderosa agência federal de comunicações, a FCC.

Em 15 de novembro, Brendan Carr conclamou o X a “desmantelar o cartel da censura”, composto, segundo ele, por “Facebook, Google, Apple, Microsoft e outros”.

Há poucos dias, a cartunista Ann Telnaes anunciou sua demissão do The Washington Post depois que a administração rejeitou um de seus desenhos, no qual ela criticava o proprietário do jornal, Jeff Bezos, fundador da Amazon, por ter tentado “cair nas graças de Donald Trump”.

Assim como Mark Zuckerberg, os chefes do Google, da Amazon e da Apple se reuniram com o republicano em Mar-a-Lago, sua residência na Flórida.

O setor de tecnologia está fornecendo dinheiro para financiar recepções para a posse de Donald Trump em 20 de janeiro.

Entre os líderes contribuintes está Sam Altman, diretor da OpenAI, que disse no início de dezembro que tinha “uma profunda convicção de que Elon (Musk) tomaria as decisões certas”.

O chefe do X, SpaceX e Tesla surgiu nos últimos meses como um peso pesado dentro do campo trumpista, e até mesmo fora dele, depois de ter se envolvido muito ativamente na campanha do antigo e agora futuro presidente republicano.

“É genial”, disse, após o anúncio feito por Mark Zuckerberg, com quem tem uma relação conturbada.

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