Gendarmes franceses durante operação de resgate em Mayotte após a passagem do ciclone Chido
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Gendarmes franceses durante operação de resgate em Mayotte após a passagem do ciclone Chido
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As equipes de emergência tentavam acelerar nesta segunda-feira (16) as ações para fornecer ajuda urgente ao território francês de Mayotte após a passagem devastadora do ciclone Chido por este arquipélago do Oceano Índico, onde as autoridades temem as mortes de "centenas" de pessoas.

As imagens de Mayotte mostravam cenas de destruição com casas reduzidas a escombros. Os principais objetivos dos socorristas são encontrar sobreviventes e fornecer água e alimentos.

A ministra da Saúde, Geneviève Darrieussecq, explicou ao canal France 2 que o ciclone provocou danos consideráveis no principal hospital do arquipélago, "em particular nas unidades de cirurgia, UTI, maternidade e emergências", e deixou centros de saúde "inoperantes".

O presidente francês, Emmanuel Macron, convocou uma reunião de crise em Paris. O ministro do Interior, Bruno Retailleau, viajou a Mayotte para supervisionar as operações de resgate que levarão "muitos dias".

Chido é a mais recente de uma série de tempestades em todo o mundo alimentadas pelas mudanças climáticas, segundo os cientistas.

O meteorologista François Gourand, do serviço 'Météo France', explicou à AFP que águas particularmente quentes do Oceano Índico aumentaram a força deste ciclone "excepcional".

O ciclone causou danos importantes no aeroporto de Mayotte e o corte do fornecimento de energia elétrica e das comunicações. O vento derrubou árvores e postes de eletricidade.

Também provocou a interrupção do fornecimento de água potável, um problema em Mayotte mesmo em períodos normais que agora se tornou uma prioridade.

- "Centenas" de mortos -

"Eu penso que haverá seguramente várias centenas, talvez cheguemos a mil, ou a alguns milhares de mortos", declarou no domingo o prefeito do arquipélago, François-Xavier Bieuville, à rede pública 'Mayotte la Première'.

Com as estradas fechadas, as autoridades temem que muitas pessoas ainda estejam presas sob os escombros em áreas inacessíveis.

A maioria da população de Mayotte é muçulmana e a tradição religiosa determina que os cadáveres devem ser enterrados rapidamente, então alguns nunca serão contabilizados.

Mayotte é o departamento mais pobre da França e as autoridades calculam que um terço da população vive em bairros carentes, em casas que oferecem pouca proteção contra tempestades.

"Todos os bairros carentes estão destruídos, o que indica que o número de vítimas é considerável", declarou à AFP uma fonte próxima às autoridades locais, que pediu anonimato.

A avaliação do número de vítimas fica ainda mais complicada devido à imigração ilegal procedente das ilhas vizinhas Comores.

Mayotte tem oficialmente 320.000 habitantes, mas uma fonte do governo acredita que o arquipélago pode ter entre 100.000 e 200.000 pessoas a mais. Poucos procuraram os abrigos por medo de operações de controle das forças de segurança.

- "Cenas apocalípticas" -

O Chido tinha ventos associados de pelo menos 220 quilômetros por hora quando atingiu Mayotte, localizada ao leste de Moçambique, no sábado.

O prefeito da capital Mamoudzou, Ambdilwahedou Soumaila, disse à AFP que a tempestade "não poupou nada". "O hospital está destruído, as escolas também. As casas estão totalmente devastadas".

Ibrahim, morador da capital, descreveu à AFP "cenas apocalípticas" enquanto percorria a ilha principal, sendo obrigado a limpar sozinho as estradas bloqueadas.

A ilha francesa de 'Reunion' serve como centro de operações de resgate.

A França enviou centenas de agentes de segurança para participar nas tarefas de emergência.

Enquanto as autoridades avaliam a dimensão da catástrofe, um avião de primeiros socorros chegou a Mayotte no domingo, com três toneladas de suprimentos médicos, sangue para transfusões e 17 médicos, segundo as autoridades.

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