Hassan JARRAH
Vários países europeus anunciaram, nesta segunda-feira (9), que suspenderão as decisões pendentes sobre as solicitações de asilo de refugiados sírios, apenas um dia depois da queda do governo de Bashar al Assad na Síria, após uma ofensiva relâmpago dos rebeldes.
Áustria, Alemanha, Bélgica, Suécia, Dinamarca, Noruega, Suíça e Reino Unido decidiram suspender o processamento de pedidos de asilo de cidadãos sírios, em um contexto de crescimento da extrema direita no continente.
O governo francês também está considerando medidas semelhantes. "Deveria ser tomada uma decisão nas próximas horas", anunciou o Ministério do Interior da França.
O Alto Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR) pediu "paciência e vigilância" em relação ao retorno dos cidadãos sírios ao seu país.
Enquanto a Alemanha e outros países destacaram que estão atentos aos últimos acontecimentos na Síria, a Áustria afirmou que já deu instruções para "preparar um programa ordenado de repatriação e deportação" para o país do Oriente Médio, devastado pela guerra.
A chegada de migrantes se tornou uma questão sensível na Europa, especialmente desde a crise migratória de 2015, quando dezenas de milhares de refugiados chegaram ao continente, incluindo sírios fugindo da guerra em seu país.
Os países da União Europeia (UE) registraram simultaneamente o crescimento de partidos ultradireitistas, impulsionados por uma retórica antimigração, como o partido Reagrupamento Nacional (RN) de Marine Le Pen na França e o Alternativa para a Alemanha (AfD) no país vizinho.
A suspensão das solicitações de asilo ocorreu horas depois que uma coalizão de rebeldes liderados pela organização islamista Hayat Tahrir al-Sham (HTS) tomou Damasco e colocou fim a cinco décadas de dinastia Assad.
- "Incerteza" -
A Síria estava em uma guerra civil desde 2011, quando o governo de Assad reprimiu duramente uma onda de protestos pacíficos, o que resultou em um conflito que deixou 500.000 mortos e obrigou metade do país a fugir de suas casas.
A Alemanha, o país da União Europeia que abriga a maior diáspora síria — cerca de um milhão de pessoas — justificou sua decisão pela "incerteza" que reina em Damasco, segundo sua ministra do Interior, Nancy Faeser.
Seu homólogo austríaco foi além. "A situação política na Síria mudou fundamentalmente", justificou o ministro do Interior conservador Gerhard Karner, ao anunciar um programa de "repatriação e deportação" para a Síria.
Os casos das pessoas que já receberam asilo serão reavaliados. A reunificação familiar também será suspensa no país, um dos que mais acolheu cidadãos sírios na Europa.
Dinamarca, Suécia e Noruega também suspenderam a análise dos pedidos de asilo de refugiados sírios.
O Reino Unido, por sua vez, anunciou que "pausou temporariamente" o processamento dos pedidos de asilo dos cidadãos sírios, "enquanto a situação atual é avaliada", segundo o Ministério do Interior.
Na Suíça, onde também foram suspensos os pedidos, o órgão responsável pelas questões migratórias indicou que não está "em condições de avaliar adequadamente se existem motivos para conceder asilo e se a expulsão é razoavelmente necessária".
Dinamarca, Suécia, Bélgica, Áustria e Alemanha fazem parte da União Europeia (UE). Suíça e Noruega não fazem parte do bloco, mas são membros do espaço Schengen, que permite viajar livremente entre os países membros sem passar por controles fronteiriços. O Reino Unido, que saiu da UE em 2020, não pertence nem a um nem a outro.