O cineasta Roman Polanski, em 4 de novembro de 2019, em Paris
THOMAS SAMSON
O cineasta Roman Polanski, em 4 de novembro de 2019, em Paris
Thomas SAMSON

A atriz britânica Charlotte Lewis perdeu, nesta quarta-feira (4), o recurso por difamação na França contra o diretor Roman Polanski, após ele tê-la chamado de mentirosa em resposta às acusações de estupro feitas por ela.

O tribunal de apelação de Paris confirmou a sentença de primeira instância que absolveu Polanski, de 91 anos, que já enfrenta várias outras acusações de agressão sexual e estupro.

Lewis havia recorrido da decisão do tribunal correcional, mas, como o Ministério Público não apresentou recurso, a decisão tornou-se definitiva. A corte deveria decidir se o cineasta era culpado de uma "falta civil" e, assim, obrigá-lo a pagar uma indenização, mas concluiu que não houve essa violação.

"É uma decisão altamente questionável, pois concede a Roman Polanski uma espécie de licença para matar através da mídia", disse à AFP o advogado de Lewis, Benjamin Chouai.

"Ele pode difamar, desacreditar e desprestigiar. Provavelmente continuará fazendo isso tanto contra Charlotte Lewis quanto outras mulheres", declarou, e mencionou um possível recurso de cassação.

Este processo não visava determinar se Polanski havia estuprado a atriz, mas apenas se ele teria abusado de sua liberdade de expressão durante uma entrevista à revista Paris Match publicada em dezembro de 2019.

Questionado sobre as acusações contra ele, o diretor respondeu: "A primeira qualidade de um bom mentiroso é uma excelente memória. Charlotte Lewis é sempre mencionada na lista de minhas acusadoras, mas nunca apontam suas contradições".

Em 2010, em uma coletiva de imprensa no Festival de Cannes, Lewis contou que foi agredida durante um teste de elenco realizado na casa de Polanski em Paris, em 1983, aos 16 anos.

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