Anthony WALLACE
O presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, decretou lei marcial nesta terça-feira (3), após chamar a oposição de "forças antiestatais" e afirmou que sua decisão visa a proteger o país das "ameaças" que o norte comunista representa.
A decisão foi impugnada logo depois mediante uma votação na Assembleia Nacional e o líder opositor, Lee Jae-myung, instou a população a se manifestar em frente ao Parlamento, que foi isolado.
"Para salvaguardar uma Coreia do Sul liberal das ameaças representadas pelas forças comunistas da Coreia do Norte e eliminar elementos antiestatais... declaro lei marcial de emergência", disse Yoon Suk Yeol em um discurso exibido ao vivo pela televisão.
O presidente fez este anúncio no âmbito de uma queda de braço com a oposição motivada pelo orçamento. Yoon Suk Yeol venceu as últimas eleições, em 2022, por uma margem apertada à frente do líder opositor.
Após o anúncio, foram proibidas todas as atividades políticas e os meios de comunicação estão sob controle do governo, informou o chefe do Exército, Park An-su, em um comunicado.
Helicópteros pousaram no teto do prédio do Parlamento, em Seul, segundo imagens exibidas pelas emissoras de TV.
O líder opositor tachou a lei marcial de ilegal e convocou a população a se concentrar em frente ao edifício.
- 'Abram a porta!' -
Centenas de pessoas começaram a se concentrar no Parlamento por volta das 13h de Brasília, segundo imagens exibidas pela TV.
"Abra a porta, por favor. Seu trabalho é proteger a Assembleia Nacional. Por que ficam parados, enquanto os deputados são pisoteados?", gritou um homem a um grupo de policiais que guardavam as portas do edifício.
"Detenham Yoon Suk Yeol!", repetiam outros manifestantes. Um grupo de soldados entrou brevemente no Parlamento e saiu logo depois.
Cerca de 190 deputados também conseguiram entrar no prédio, onde votaram por unanimidade a favor de uma moção que bloqueou a aplicação da lei marcial e pedia sua suspensão.
A manobra surpreendente ocorreu enquanto o governista Partido do Poder do Povo e o principal partido opositor, o Partido Democrático, seguem confrontados sobre o projeto de orçamento para o próximo ano.
Os deputados da oposição, que tem maioria no plenário de 300 assentos, aprovaram na semana passada um plano orçamentário significativamente reduzido através de uma comissão parlamentar.
Yoon acusou os legisladores da oposição de cortar "todos os orçamentos-chave para as funções fundamentais do país, como a luta contra os crimes relacionados com as drogas e a manutenção da segurança pública".
Também os acusou de serem "forças antiestatais, que tentam derrubar o regime".