Manifestantes enfrentam a polícia na sexta noite de protestos pró-europeus na Geórgia, em 4 de dezembro de 2024
Giorgi ARJEVANIDZE
Manifestantes enfrentam a polícia na sexta noite de protestos pró-europeus na Geórgia, em 4 de dezembro de 2024
Giorgi ARJEVANIDZE

A polícia da Geórgia voltou a usar canhões de água e gás lacrimogêneo nesta terça-feira (3) para tentar dispersar manifestantes pró-europeus que protestam há seis noites consecutivas em Tbilisi, capital do país do Cáucaso.

A crise teve início nas eleições legislativas de outubro, vencidas sob acusações de fraude pelo partido governista, Sonho Georgiano, e se agravou na semana passada após a decisão do primeiro-ministro, Irakli Kobajidze, de adiar as negociações de adesão à União Europeia.

Kobajidze, acusado pelos opositores de conduzir o país para uma postura autoritária e pró-Rússia, afirmou nesta terça-feira que seus rivais políticos e ONGs estão "orquestrando a violência" nas manifestações, alegando que estas estariam sendo "financiadas do exterior".

Apesar de menos numerosos do que em noites anteriores, milhares de manifestantes voltaram a se reunir na noite de terça-feira em Tbilisi. Alguns lançaram fogos de artifício contra o Parlamento e a polícia, segundo jornalistas da AFP.

O Ministério do Interior acusou os manifestantes de atirarem "objetos contundentes, artefatos pirotécnicos e materiais inflamáveis".

A presidente pró-europeia Salomé Zurabishvili, que apoia os protestos, criticou o uso "desproporcional" da força pela polícia, além de "prisões em massa e maus-tratos".

O comissário de direitos humanos do país, Levan Yoseliani, também acusou a polícia de cometer "atos de tortura" contra manifestantes. Após visitar vários detidos, relatou que muitos deles apresentavam "ferimentos graves" na cabeça e nos olhos.

No âmbito jurídico, o Tribunal Constitucional rejeitou nesta terça-feira uma solicitação da presidente Zurabishvili para revisar o resultado das eleições legislativas de outubro, que também foram contestadas pelos Estados Unidos e pela União Europeia.

O governo georgiano, acusado de replicar métodos repressivos e autoritários de Moscou, afirma que deseja evitar o destino da Ucrânia e acusa o Ocidente de tentar arrastar a Geórgia para um conflito com a Rússia.

A ex-república soviética ainda sente os impactos da invasão russa de 2008, uma breve guerra após a qual Moscou reconheceu a independência de duas regiões separatistas no território georgiano, onde mantém presença militar.

Ao mesmo tempo, em dezembro de 2023, a Geórgia obteve o status de candidata à União Europeia, um objetivo consagrado em sua Constituição.

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