Arábia Saudita recebe conferência mundial sobre desertificação

A Arábia Saudita sediará, a partir da próxima semana, a conferência mundial sobre desertificação, em uma tentativa de destacar seu compromisso com os desafios ambientais em meio às críticas ao papel do reino rico...

Paisagem do Parque Nacional Al-Ghat no deserto da Arábia Saudita, em 28 de novembro de 2024
Foto: Fayez Nureldine
Paisagem do Parque Nacional Al-Ghat no deserto da Arábia Saudita, em 28 de novembro de 2024
Fayez Nureldine

A Arábia Saudita sediará, a partir da próxima semana, a conferência mundial sobre desertificação, em uma tentativa de destacar seu compromisso com os desafios ambientais em meio às críticas ao papel do reino rico em petróleo no combate ao aquecimento global.

A 16ª reunião da Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação (UNCCD, na sigla em inglês) será realizada em Riade de 2 a 13 de dezembro.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, classificou o encontro como um "momento decisivo" na luta contra a seca e o avanço dos desertos.

A última conferência, organizada na Costa do Marfim em 2022, culminou em um compromisso de "acelerar a recuperação de um bilhões de hectares de terras degradadas", cuja qualidade foi alterada por atividades humanas, como poluição ou desmatamento, até 2030.

A UNCCD, que inclui 196 países e a União Europeia, agora estima que 1,5 bilhão de hectares de terras degradadas precisarão ser recuperados até o final da década.

A Arábia Saudita, que abriga um dos maiores desertos do mundo, estabeleceu a meta de restaurar 40 milhões de hectares, disse à AFP seu vice-ministro do meio ambiente, Osama Faqeeha, mas sem fornecer um prazo.

Até o momento, o reino do Golfo restaurou 240.000 hectares, principalmente impulsionando a luta contra a extração ilegal de madeira e multiplicando o número de parques nacionais de 19 em 2016 para mais de 500 atualmente, informou.

- Problema que passa 'despercebido' -

As reuniões em Riade começarão dez dias após o término da COP29 no Azerbaijão, na qual a Arábia Saudita, o maior exportador de petróleo do mundo, foi acusada de impedir a menção de uma eliminação gradual de combustíveis fósseis no acordo final.

A conferência de Baku terminou com a promessa dos países ricos de fornecer US$ 300 bilhões (R$ 1,8 trilhões na cotação atual) por ano em financiamento climático para os países em desenvolvimento até 2035. Um montante que estes consideram muito insuficiente.

O desafio da COP16 sobre desertificação agora é chegar a um consenso sobre a necessidade de acelerar a recuperação de terras degradadas e desenvolver uma estratégia "proativa" para lidar com as secas, disse à AFP o secretário-executivo da UNCCD, Ibrahim Thiaw.

"Já perdemos 40% de nossas terras e solos", o que gera consequências para a segurança alimentar e a migração, afirmou. "A segurança global está realmente em jogo e vemos isso em todo o mundo. Não apenas na África, não apenas no Oriente Médio", argumentou.

"Se continuarmos deixando a terra se degradar, sofreremos enormes perdas. A degradação da terra é um fenômeno importante que passa despercebido", lamentou o vice-ministro saudita Faqeeha.

Embora as negociações sobre desertificação gerem menos interesse do que as sobre mudança climática ou biodiversidade, as autoridades sauditas afirmam esperar uma forte participação da sociedade civil.

Milhares de delegados, incluindo cerca de 100 ministros, são esperados na conferência.

"Planejamos vários painéis, eventos e pavilhões para que todas as partes participantes possam se envolver nas discussões de forma construtiva", disse Osama Faqeeha.

Sob a liderança do príncipe herdeiro e líder Mohammed Bin Salman, a Arábia Saudita lançou várias iniciativas para atrair turistas e investidores, mas continua sendo criticada por organizações de direitos humanos por sufocar vozes críticas.

AFP