Kiev acusa Moscou de disparar míssil intercontinental contra Ucrânia pela primeira vez

A Ucrânia acusou, nesta quinta-feira (21), a Rússia de ter disparado pela primeira vez um míssil intercontinental contra o seu território, utilizando esta arma capaz de transportar uma ogiva nuclear sem carga...

Bombeiros tentam apagar um incêndio em uma casa após um ataque aéreo em Dnipro, 21 de novembro de 2024, no centro-leste da Ucrânia
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Bombeiros tentam apagar um incêndio em uma casa após um ataque aéreo em Dnipro, 21 de novembro de 2024, no centro-leste da Ucrânia
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A Ucrânia acusou, nesta quinta-feira (21), a Rússia de ter disparado pela primeira vez um míssil intercontinental contra o seu território, utilizando esta arma capaz de transportar uma ogiva nuclear sem carga atômica, em plena escalada do conflito.

O Kremlin recusou-se a comentar a acusação ucraniana.

"Um míssil balístico intercontinental foi disparado da região russa de Astrakhan" em um ataque à cidade de Dnipro, no centro-leste da Ucrânia, informou a Força Aérea em um comunicado.

A nota afirma que as forças russas lançaram vários tipos de mísseis contra infraestruturas críticas em Dnipro.

É a primeira vez que Moscou utiliza este tipo de arma desde a invasão da Ucrânia em 2022, confirmou uma fonte militar à AFP.

A fonte acrescentou que é "óbvio" que o míssil, concebido para transportar ogivas convencionais e nucleares, não transportava carga nuclear.

Questionado se Moscou disparou o míssil, capaz de atingir alvos a milhares de quilômetros de distância, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse não ter "nada a dizer sobre esta questão".

No entanto, Peskov garantiu que a Rússia fará o "esforço máximo" para evitar uma guerra nuclear.

Moscou atualizou nesta semana a sua doutrina nuclear, que agora lhe permite usar armas nucleares contra países que não possuem esse tipo de armas, e sinalizou que é uma advertência ao Ocidente.

O uso de um míssil intercontinental pela Rússia contra a Ucrânia "marcaria outra escalada clara" no conflito do presidente russo, Vladimir Putin, disse nesta quinta-feira um porta-voz da Comissão Europeia.

"Ao avaliarmos todos os fatos, é óbvio que tal ataque marcaria outra escalada clara de Putin", disse o porta-voz Peter Stano.

- Escalada de mísseis -

"Enfatizamos, no contexto da nossa doutrina, que a Rússia está assumindo a posição responsável de fazer o máximo esforço para evitar tal conflito" nuclear, disse Peskov nesta quinta-feira.

Unidades de defesa aérea ucranianas derrubaram seis mísseis, segundo a Força Aérea, sem especificar se um deles era o míssil balístico intercontinental.

O chefe da região onde está localizada a cidade de Dnipro, Sergii Lisak, indicou que o bombardeio aéreo russo danificou um centro de reabilitação e várias casas, além de uma fábrica industrial.

"Duas pessoas ficaram feridas, um homem de 57 anos foi tratado no local e uma mulher de 42 anos foi hospitalizada", disse Lisak.

Rússia e Ucrânia aumentaram o uso de mísseis de longo alcance nos últimos dias, desde que Washington autorizou Kiev a usar armas deste tipo fabricadas nos EUA.

Enquanto isso, a imprensa britânica informou, na quarta-feira, que a Ucrânia lançou mísseis Storm Shadow, fornecidos pelo Reino Unido, contra alvos na Rússia depois de receber o sinal verde de Londres.

O Ministério da Defesa russo afirmou que o seu sistema de defesa aérea derrubou dois Storm Shadows, sem dizer se o fez sobre território russo ou em partes ocupadas da Ucrânia.

A escalada dos mísseis acontece em um momento crítico para a Ucrânia, cujas linhas defensivas cederam terreno à crescente pressão russa ao longo da linha da frente.

Nesta quinta-feira, a Rússia reivindicou avanços na região fronteiriça de Donetsk e anunciou que as suas tropas tomaram outro vilarejo perto de Kurakhove.

AFP