Eyad BABA
Dezenas de pessoas morreram nesta quinta-feira (21) em bombardeios israelenses no norte da Faixa de Gaza, devastada por mais de um ano de guerra entre Israel e o movimento islamista palestino Hamas.
A guerra em Gaza, que começou em 7 de outubro de 2023 após um ataque sem precedentes do Hamas em território israelense, se propagou para o Líbano, onde o movimento pró-Irã Hezbollah abriu uma frente em apoio ao aliado palestino um dia após o ataque.
O enviado especial dos Estados Unidos, Amos Hochstein, se reunirá nesta quinta-feira com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, após uma visita a Beirute, com o objetivo de obter uma trégua entre as forças israelenses e o Hezbollah.
Segundo a imprensa de Israel, Hochstein já se reuniu com Ron Dermer, ministro das Relações Estratégicas e homem de confiança de Netanyahu.
A Defesa Civil da Faixa de Gaza anunciou que 22 pessoas morreram em um bombardeio israelense durante a noite em um bairro da Cidade de Gaza.
"Confirmamos que 22 mártires foram levados (para hospitais) após um bombardeio contra uma casa (...) em Sheikh Radwan", bairro da Cidade de Gaza, declarou à AFP Mahmud Bassal, porta-voz da Defesa Civil.
"Aqui há um mártir e um corpo sem cabeça. Não sabemos que é no momento", declarou à AFPTV Moataz Al Aruqi, um palestino que mora no bairro.
O segundo ataque, que ocorreu por volta da meia-noite (19H00 de Brasília, quarta-feira) na área de Beit Lahia e Jabalya, matou dezenas de pessoas, segundo fontes médicas.
"Há dezenas de mortos e desaparecidos sob os escombros", declarou à AFP Hosam Abu Safiyeh, diretor do hospital, perto do local atingido pelo bombardeio.
- "Cessar total da agressão" -
O ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 no sul de Israel deixou 1.206 mortos, a maioria civis, segundo um balanço da AFP com base em dados oficiais, que incluem os reféns mortos.
Naquele dia também foram sequestradas 251 pessoas, das quais 97 permanecem em cativeiro em Gaza, embora o Exército israelense acredite que 34 delas tenham falecido.
A ofensiva lançada em retaliação pelo Exército israelense matou ao menos 43.985 pessoas na Faixa de Gaza, em sua maioria também civis, segundo dados do Ministério da Saúde do território palestino, governado pelo Hamas.
O governo dos Estados Unidos, aliado de Israel, impediu na quarta-feira o Conselho de Segurança da ONU de pedir um cessar-fogo "imediato, incondicional e permanente" em Gaza, apesar dos apelos internacionais para acabar com o conflito.
No Líbano, Israel e o Hezbollah entraram em guerra aberta em 23 de setembro, após um ano de trocas de disparos transfronteiriços. Uma semana depois, o exército israelense iniciou incursões terrestres no sul do país.
O objetivo declarado de Israel é afastar o Hezbollah das regiões fronteiriças do sul do Líbano para garantir o retorno das quase 60.000 pessoas deslocadas do norte de Israel pelos ataques da milícia xiita. No Líbano, dezenas de milhares de habitantes também foram deslocados.
A embaixadora americana em Beirute, Lisa Johnson, apresentou na semana passada às autoridades libanesas um plano de 13 pontos que prevê uma trégua de 60 dias e a mobilização do exército no sul do Líbano, um dos redutos do Hezbollah.
No atual contexto, o enviado Amos Hochstein viajou na terça-feira a Beirute, onde declarou que uma solução estava "ao alcance", mas que os beligerantes precisam "decidir".
Israel "não pode impor suas condições", alertou na quarta-feira o líder do Hezbollah, Naim Qasem, em um discurso gravado previamente. Na mensagem, ele exigiu "o cessar total da agressão" no Líbano.
Netanyahu advertiu na segunda-feira que seu país faria "operações" militares contra o Hezbollah em caso de trégua.
- Bombardeios no sul do Líbano -
Os bombardeios prosseguem nos redutos do movimento no Líbano.
Novos ataques atingiram a periferia sul de Beirute na manhã de quinta-feira, pouco depois de uma ordem de evacuação do exército.
Vários pontos do sul do país foram atingidos por bombardeios, principalmente a cidade de Khiam, a seis quilômetros da fronteira, onde na quarta-feira foram registrados confrontos entre o Hezbollah e as forças israelenses, segundo a agência oficial de notícias NNA.
O exército israelense emitiu alerta de evacuação aos habitantes de três áreas próximas a Tiro, no sul.
Mais de 3.550 pessoas morreram desde outubro de 2023 no Líbano devido à violência entre Israel e o Hezbollah, a maioria desde que o conflito se intensificou em setembro, segundo as autoridades do país.