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Bombardeios aéreos israelenses atingiram neste sábado (16) redutos do Hezbollah no Líbano, um dia após fontes de alto escalão do governo libanês anunciarem que estão examinando uma proposta americana de cessar-fogo entre o movimento islamista e Israel.
O Hezbollah abriu uma frente contra Israel após o início da guerra na Faixa de Gaza em 7 de outubro de 2023, desencadeada pelo ataque violento do Hamas em território israelense, em apoio ao seu aliado palestino.
Após quase um ano de fogo cruzado na fronteira, o Exército israelense iniciou em 23 de setembro uma campanha de bombardeios em larga escala no Líbano. Uma semana depois, iniciou uma ofensiva terrestre no sul do país.
O objetivo da campanha é neutralizar o movimento libanês para permitir o retorno dos quase 60.000 habitantes que fugiram evacuados do norte de Israel por motivos de segurança.
Em Gaza, uma fonte da Jihad Islâmica - grupo armado palestino que participou no ataque de 7 de outubro junto com o Hamas - anunciou neste sábado à AFP que dois de líderes do movimento morreram na quinta-feira em um bombardeio israelense nos subúrbios de Damasco, capital da Síria.
Hamas, Hezbollah e Jihad Islâmica são apoiados pelo Irã, inimigo de Israel. A República Islâmica se mostrou favorável na sexta-feira a um fim rápido da guerra iniciada há quase dois meses no Líbano.
Em um contexto de tensão elevada, pelo menos cinco bombardeios atingiram os subúrbios do sul de Beirute, depois que o Exército israelense pediu que os moradores abandonassem a área, ao informar que eles estavam "perto de infraestruturas e interesses do Hezbollah".
Segundo a agência nacional de notícias libanesa NNA, os ataques atingiram os bairros de Haret Hreik, Chiyah e Bir al Abed.
O Exército israelense afirmou ter atacado "um depósito de armas, um centro de comando e a infraestrutura terrorista do Hezbollah".
- Proposta de cessar-fogo -
O Ministério da Saúde libanês afirmou que ataques do "inimigo israelense" contra duas localidades do sul neste sábado mataram dois socorristas. Um trabalhava para o Comitê Islâmico de Saúde, vinculado ao Hezbollah, e o segundo para a Associação Al Risala, vinculada a seu aliado xiita Amal.
O Hezbollah reivindicou vários ataques contra Israel, incluindo disparos de foguetes contra a base naval de Stella Maris, na cidade de Haifa, norte do país.
O Exército israelense afirmou que o movimento islamista disparou 65 projéteis do Líbano contra seu território neste sábado.
Um funcionário de alto escalão libanês e uma fonte do governo informaram na sexta-feira à AFP que a embaixadora dos Estados Unidos em Beirute, Lisa Johnson, apresentou um plano de 13 pontos ao primeiro-ministro, Nayib Mikati, e ao presidente do Parlamento, Nabih Berri.
O plano prevê um cessar-fogo de 60 dias e a mobilização do Exército libanês no sul do país, na fronteira com Israel.
Berri "pediu um prazo de três dias", disse a fonte de alto escalão, antes de acrescentar que Israel ainda não deu uma resposta.
O anúncio foi feito pouco depois de uma fonte do escritório político do Hamas afirmar que o movimento palestino está "disposto a alcançar um cessar-fogo na Faixa de Gaza" e pedir ao presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, a "pressionar o governo israelense" para que interrompa os bombardeios ao território devastado.
O Exército israelense anunciou neste sábado que suas tropas prosseguiam com "as atividades operacionais nas áreas de Jabaliya e Beit Lahia", no norte de Gaza.
A Defesa Civil do território afirmou que 11 pessoas morreram em bombardeios contra residências em Rafah, no sul, Beit Lahia e ao leste da cidade de Gaza, no norte.
Em 7 de outubro de 2023, combatentes islamistas atacaram o sul de Israel e mataram 1.206 pessoas, em sua maioria civis, e sequestraram 251, segundo um levantamento da AFP baseado em dados oficiais israelenses, que inclui os reféns mortos em cativeiro.
Dos 251 sequestrados, 97 continuam em cativeiro no território palestino, incluindo 34 que foram declarados mortos pelo Exército israelense.
A campanha militar de represálias de Israel matou mais de 43.700 pessoas na Faixa de Gaza, a maioria civis, de acordo com dados do Ministério da Saúde do governo do Hamas, considerados confiáveis pela ONU