Um homem remove destroços de uma loja danificada por um ataque aéreo israelense noturno em um bairro ao sul de Beirute, em 1º de novembro de 2024, na capital libanesa
ANWAR AMRO
Um homem remove destroços de uma loja danificada por um ataque aéreo israelense noturno em um bairro ao sul de Beirute, em 1º de novembro de 2024, na capital libanesa

Novos bombardeios israelenses atingiram a periferia sul de Beirute , um reduto do movimento libanês Hezbollah, nesta sexta-feira (1º), um dia após a visita de emissários americanos a Israel em busca de um cessar-fogo no Líbano e em Gaza.

Os enviados dos EUA Amos Hochstein e Brett McGurk reuniram-se em Jerusalém com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e o ministro da Defesa, Yoav Gallant, menos de uma semana antes das eleições presidenciais americanas.

Além de buscar "medidas para acabar com o conflito em Gaza", o Departamento de Estado dos EUA indicou que os emissários viajaram para Jerusalém para discutir "uma solução política" no Líbano.

A agência nacional de notícias libanesa (ANI) relatou ao menos dez bombardeios ao sul da capital na manhã desta sexta-feira.

Os ataques ocorreram após um apelo do Exército israelense para evacuar bairros desta área considerada um feudo do movimento xiita Hezbollah, que é próximo do Irã.

Imagens da AFPTV mostraram fortes explosões e espessas colunas de fumaça na área, bombardeada regularmente há um mês por Israel em sua guerra contra este grupo islamista.

"Os bombardeios deixaram uma destruição massiva nas áreas atingidas, com dezenas de edifícios desabados, além de vários incêndios", disse a ANI.

A guerra que assola a Faixa de Gaza desde 7 de outubro de 2023 alastrou-se para o Líbano, onde Israel tem promovido ataques aéreos massivos contra o Hezbollah desde 23 de setembro e ataques terrestres no sul do país desde 30 de setembro.

Pelo menos 1.829 pessoas morreram no Líbano desde a intensificação dos bombardeios, segundo um relatório da AFP baseado em dados do Ministério da Saúde libanês.

Plano americano

O objetivo de Israel é neutralizar o Hezbollah na fronteira e permitir o retorno ao norte do país de 60 mil habitantes deslocados pelo lançamento de foguetes do grupo islamista há mais de um ano.

O Hezbollah, apoiado pelo Irã, abriu uma frente com Israel em 8 de outubro de 2023, em apoio ao Hamas, que governa Gaza.

No território palestino, a guerra eclodiu em 7 de outubro, quando milicianos islamistas no sul de Israel mataram 1.206 pessoas, a maioria civis, e sequestraram 251, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais israelenses.

Dos 251 capturados, cerca de 100 permanecem cativos na Faixa de Gaza governada pelo Hamas, mas 34 foram declarados mortos pelo Exército.

Em resposta, Israel lançou uma campanha que já deixou 43.259 mortos no território, segundo dados do Ministério da Saúde do Hamas, considerados confiáveis pela ONU.

Segundo fontes do governo citadas pela imprensa israelense, o plano elaborado pelos emissários americanos contempla a retirada do Hezbollah e do Exército israelense do sul do Líbano, que seria controlado pelas forças armadas libanesas e pelos capacetes azuis da ONU.

O Líbano seria responsável por impedir o rearmamento do Hezbollah e Israel manteria o seu direito de se defender de acordo com o direito internacional, segundo o documento.

As autoridades israelenses declararam que os seus soldados não se retirarão do sul do Líbano até que seja alcançado um acordo que satisfaça os requisitos de segurança de Israel.

Netanyahu disse que "aprecia" o apoio americano, ao mesmo tempo que se recusa a ceder à pressão do seu aliado.

"Os exércitos terroristas não estarão mais nas nossas fronteiras. O Hamas não controlará mais Gaza e o Hezbollah não se instalará na nossa fronteira norte em posições que lhe permitam invadir" Israel, insistiu.

Porém, de acordo com a imprensa israelense, um cessar-fogo parece cada vez mais provável, depois que o chefe do Estado-Maior israelense, general Herzi Halevi, relatou o "desmantelamento completo da cadeia de comando" do Hezbollah.

O novo líder do movimento libanês, Naim Qassem, afirmou que aceitaria um cessar-fogo, mas sob certas "condições", que não especificou.

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