O primeiro-ministro georgiano, Irakli Kobajidze, vota para as eleições parlamentares em uma seção eleitoral em Tbilisi, em 26 de outubro de 2024
Giorgi ARJEVANIDZE
O primeiro-ministro georgiano, Irakli Kobajidze, vota para as eleições parlamentares em uma seção eleitoral em Tbilisi, em 26 de outubro de 2024
Giorgi Arjevanidze

A recontagem parcial dos votos nas eleições legislativas na Geórgia confirmou a vitória do partido no poder, informou a Comissão Eleitoral à AFP nesta quinta-feira (31), depois que a oposição denunciou "fraudes" e o país foi alvo de críticas internacionais.

A Comissão Eleitoral Central afirmou à AFP que a recontagem em quase 12% das seções eleitorais e 14% das cédulas "não implica uma mudança significativa nos resultados oficiais já anunciados" após as eleições do fim de semana.

"A recontagem definitiva mudou apenas levemente em cerca de 9% dos locais" onde houve uma nova apuração, acrescentou o organismo.

O partido Sonho Georgiano, no poder desde 2012, venceu as eleições legislativas de sábado nesta ex-república soviética do Cáucaso, mas a oposição não reconhece os resultados.

Antes da recontagem, a Comissão Eleitoral anunciou que o Sonho Georgiano obteve 53,92% dos votos e a oposição 37,78%.

A presidente do país, Salome Zourabishvili, de tendência pró-Ocidente e em confronto com o governo, afirmou que métodos de fraude 'sofisticados' foram utilizados nas eleições, semelhantes, segundo ela, aos utilizados na Rússia.

O Ministério Público abriu uma investigação na quarta-feira por 'suposta falsificação' das eleições e convocou a presidente, que não compareceu.

Os observadores internacionais apontaram irregularidades durante as eleições e a União Europeia pediu uma investigação das denúncias.

As eleições foram consideradas uma disputa sobre as aspirações da Geórgia de aderir à UE e à Otan.

O partido Sonho Georgiano afirma que busca aderir aos blocos, mas os críticos da legenda o acusam de uma guinada autoritária e de proximidade com a Rússia.

- Manifestações -

O objetivo de aderir à UE e à Otan está inscrito na Constituição da Geórgia, localizada às margens do Mar Negro.

O país vive relações tensas com a UE nos últimos meses, especialmente após o Parlamento aprovar uma lei de "influência estrangeira" em maio, semelhante à que a Rússia utiliza para silenciar a sociedade civil.

Bruxelas congelou o processo de adesão à UE após a promulgação desta lei e Washington adotou sanções contra alguns responsáveis por sua "repressão brutal" às manifestações subsequentes.

Outra fonte de tensão com Bruxelas foi a promulgação, no início do mês, de uma lei que restringe severamente os direitos das pessoas LGBTQIA+.

Após os resultados eleitorais do fim de semana, milhares de pessoas protestaram na capital, Tbilisi, agitando bandeiras europeias e georgianas.

O primeiro-ministro Irakli Kobajidze insistiu que a "prioridade máxima" de Tbilisi na "política externa" era a "integração europeia" e disse estar ansioso por retomar as relações com a UE.

A ex-república soviética ainda está muito marcada pela invasão russa em uma breve guerra em 2008 e pela ameaça de uma nova invasão, como a da Ucrânia.

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