Uma mulher recebe comida em uma cozinha comunitária montada em uma manifestação durante uma greve de 24 horas de todos os meios de transporte, exceto ônibus, convocada por sindicatos de trabalhadores contra as políticas econômicas do presidente Javier Milei, em Buenos Aires, em 30 de outubro de 2024
MARCOS BRINDICCI
Uma mulher recebe comida em uma cozinha comunitária montada em uma manifestação durante uma greve de 24 horas de todos os meios de transporte, exceto ônibus, convocada por sindicatos de trabalhadores contra as políticas econômicas do presidente Javier Milei, em Buenos Aires, em 30 de outubro de 2024
MARCOS BRINDICCI

Mais de um milhão de passageiros estão sendo afetados, nesta quarta-feira (30), por uma greve do transporte na Argentina, a qual não inclui o sindicato de ônibus, em rejeição ao ajuste fiscal do presidente ultraliberal Javier Milei, ao aumento da pobreza e à tentativa de privatizar a companhia estatal Aerolíneas Argentinas.

"Há mais de um milhão de passageiros afetados e mais de 1.800 trens sem circular", informou à AFP um porta-voz da estatal Trenes Argentinos, que opera as principais linhas de passageiros de Buenos Aires.

Além dos principais sindicatos ferroviários, se juntaram à greve os de transporte fluvial, aeronáutico, taxistas, metrô e caminhoneiros, afetando também o transporte de mercadorias.

"Há um setor importante da população que está passando por dificuldades", comentou Pablo Moyano, secretário-adjunto da principal central sindical argentina, CGT.

"Hoje estamos defendendo a soberania do transporte nacional, em todas as modalidades, para que não sejamos invadidos por estrangeiros por dois mangos (duas moedas)", disse à Radio 10.

A Aerolíneas Argentinas indicou em um comunicado que 27.700 passageiros e 263 voos foram afetados.

Funcionários públicos, universitários, estudantes e outros sindicatos também se uniram contra o ajuste do governo e a desvalorização dos salários, enquanto movimentos sociais anunciaram cozinhas comunitárias e bloqueios de estradas em todo o país.

"Estamos lutando não apenas por questões setoriais, mas pela educação, saúde, aposentados e por tudo o que este governo está destruindo", declarou na terça-feira o secretário-geral da Associação Argentina de Aeronautas, Juan Pablo Brey.

O principal sindicato de motoristas de ônibus, que não aderiu à greve e havia programado uma paralisação para quinta-feira, anunciou sua suspensão porque chegou a "um princípio de acordo" de recomposição salarial com o governo, informou a imprensa.

O secretário de Transporte, Franco Mogetta, disse à rádio Mitre que a greve é "um boicote político de um grupo de dirigentes que está olhando para seus próprios interesses".

Desde sua posse em dezembro, Milei implementou duras medidas de desregulamentação da economia e cortes no gastos públicos, resultando em um superávit nas contas públicas.

Mas a economia doméstica sofre com uma recessão, com uma inflação que em setembro foi de 209% e uma pobreza que na primeira metade do ano alcançou 52,9% da população.

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