Alfredo ZUNIGA
O candidato do partido no poder em Moçambique, Daniel Chapo, foi eleito presidente do país, anunciou a Comissão Eleitoral nesta quinta-feira (24), duas semanas após as eleições de 9 de outubro, em que, segundo observadores internacionais, houve irregularidades.
Chapo, do marxista Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder desde a independência desta ex-colônia portuguesa em 1975), obteve 70,67% dos votos, frente aos 20,32% de seu principal adversário, Venâncio Mondlane, segundo dados oficiais.
A participação nas eleições foi considerada baixa, de apenas 43,48% dos inscritos. Mondlane convocou dois dias de protestos para denunciar fraudes.
Após o anúncio da vitória de Chapo, centenas de manifestantes que protestavam contra as fraudes dirigiram-se ao centro da capital, onde a Comissão Eleitoral divulgava os resultados. A polícia tentou dispersá-los com gás lacrimogêneo, em uma avenida onde eles queimavam pneus, rasgavam panfletos ou lançavam projéteis contra as forças de ordem.
Manifestantes entraram em confronto com policiais em várias cidades, o que resultou em vários feridos e um morto em Nampula, segundo a polícia.
Tanto a oposição quanto a maioria dos observadores internacionais questionam a proximidade dos membros da Comissão Eleitoral com o partido no poder.
Formado em direito, Chapo, 47, deve tomar posse em janeiro como primeiro presidente nascido após a independência, em 1975.
O presidente eleito sucederá Filipe Nyusi, 65 anos, que deixa o cargo após dois mandatos.