ANWAR AMRO
Hashem Safieddine, uma figura de destaque do Hezbollah cuja morte foi confirmada nesta terça-feira (22) pelo Exército israelense, era cotado como possível sucessor do seu primo Hassan Nasrallah - também morto por Israel - na liderança do movimento islamita.
O Hezbollah não confirmou sua morte, mas um líder do grupo disse à AFP que eles perderam o contato com Safieddine após os bombardeios israelenses de 4 de outubro dirigidos contra ele na periferia de Beirute.
Uma segunda fonte do Hezbollah - que também é um partido político - confirmou que eles tentavam "acessar a sede que foi atacada", mas que "Israel realiza sistematicamente novos bombardeios, para dificultar os esforços das equipes de resgate”.
Com barba grisalha, óculos e o turbante preto dos descendentes do profeta Maomé, Safieddine tinha uma semelhança física surpreendente com seu primo, mas era alguns anos mais jovem. Sua idade era estimada em cerca de 60 anos.
Safieddine se perfilava como “candidato mais provável” para suceder Nasrallah na liderança do movimento xiita, financiado e armado por Teerã. Ele mantinha laços estreitos com o Irã, onde concluiu seus estudos religiosos, e seu filho é casado com a filha do poderoso general iraniano Qasem Soleimani, que morreu em 2020, em um bombardeio dos Estados Unidos no Iraque.
Safieddine era um dos membros mais importantes do Conselho da Shura e foi classificado como terrorista pelo Departamento de Estado americano e pela Arábia Saudita.
Após a morte de Nasrallah, o número dois do movimento, Naim Qasem, assumiu o comando e anunciou que o sucessor definitivo seria eleito em breve pelos sete membros do Conselho da Shura.
- Autoridade -
Ao contrário de Nasrallah, que quase não era visto em público desde a guerra entre Israel e o Hezbollah em 2006, Safieddine era o rosto do movimento em diversos atos políticos e religiosos. Embora tivesse um temperamento tranquilo, ele subiu o tom nos funerais dos comandantes assassinados por Israel.
"Em nossa resistência, quando um comandante se torna mártir, outro retoma a bandeira com força e determinação", declarou Safieddine no funeral do comandante Mohamed Neemeh Naser, morto em um bombardeio de Israel no sul do Líbano.
A especialista da Universidade de Cardiff Amal Saad descreve Safieddine como alguém com “muita autoridade”, o que o tornava “o candidato mais forte à sucessão”.
O Hezbollah foi criado em 1982, durante a guerra civil no Líbano e a invasão de Israel, por iniciativa dos Guardiões da Revolução iranianos. Após o conflito, o Hezbollah foi a única facção a manter as armas, em nome da "resistência" contra Israel.
Durante anos, Nasrallah foi considerado o homem mais poderoso do Líbano, mas o movimento perdeu força nos últimos meses devido aos duros golpes de Israel, que eliminou seus líderes e atacou suas instalações.