Manifestante segura a bandeira do Chile perto de uma barricada durante a marcha pelo quinto aniversário da
RODRIGO ARANGUA
Manifestante segura a bandeira do Chile perto de uma barricada durante a marcha pelo quinto aniversário da "explosão social", em Santiago, em 18 de outubro de 2024
RODRIGO ARANGUA

Centenas de pessoas se reuniram nesta sexta-feira (18), na praça central de Baquedano, em Santiago do Chile, para marcar os cinco anos dos protestos sociais multitudinários que explodiram para exigir mais direitos sociais.

A praça Baquedano ou Itália foi o epicentro de grandes manifestações a partir de 18 de outubro de 2019, algumas delas superando um milhão de pessoas.

O movimento social começou com estudantes de Ensino Médio saltando as catracas do metrô, mas também derivou em saques, roubos e incêndios ao longo de várias cidades do Chile.

"Depois de cinco anos, muitas coisas permanecem iguais", comentou Armando Zamorano, um dos cerca de 500 manifestantes que chegaram à praça Baquedano, que contava com forte presença da polícia.

A chamada "explosão social" ("estallido social", em espanhol), como o movimento ficou conhecido no Chile, resultou em cerca de 30 mortes e milhares de feridos. Conseguiu colocar em xeque o governo de direita de Sebastián Piñera (2018-2022), exigindo melhorias de acesso à saúde, educação e previdência.

No calor de protestos multitudinários e por vezes violentos, as forças políticas concordaram em alterar a Constituição herdada da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), apontada como a origem das desigualdades sociais.

Porém, depois de dois processos de redação, um liderado pela esquerda radical e outro pela extrema direita, os chilenos rejeitaram a mudança constitucional.

Embora nenhuma mudança tenha sido alcançada, "as sementes do 'estallido', que é a dignidade, as pessoas ainda sentem", destacou outra manifestante, a médica Leticia Álvarez.

Longe das reivindicações por maior justiça social, a insegurança passou a ser hoje a maior preocupação dos chilenos. Uma parte mínima (23%) apoia as mobilizações de 2019, segundo a pesquisa do Centro de Estudos Públicos (CEP). Naquele ano, o apoio chegou a 55%.

Um relatório recente do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) estabeleceu que, no Chile, ainda "predomina um desejo de mudanças profundas, mas graduais".

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