Kamala Harris afirmou nesta segunda-feira (14) que Donald Trump é "cada vez mais instável e perturbado" e se ganhar as eleições "seria um grande risco para os Estados Unidos" porque, para ele, o "inimigo interno" são os "jornalistas", os "funcionários eleitorais" e os "juízes".
A vice-presidente e candidata democrata às eleições presidenciais de 5 de novembro fez um comício na localidade de Erie, no estado-chave da Pensilvânia, no qual atacou de frente seu rival, com quem está empatada nas pesquisas.
"Há muito em jogo nessas eleições, e temos que lembrar que não estamos em 2016 nem em 2020, o que está em jogo é ainda mais importante", afirmou Kamala para um público exaltado.
Há alguns meses, lembrou, a Suprema Corte decidiu que Trump "seria essencialmente imune a tudo o que fizesse enquanto estivesse no cargo", assim que imaginem-no sem limites, disse.
"Ele, que prometeu, que se for reeleito, será um ditador desde o primeiro dia, que utilizará o Departamento de Justiça como arma contra seus inimigos políticos, ele, que pediu o fim da Constituição", advertiu.
A Pensilvânia é um dos sete estados-pêndulo, que não se inclinam claramente por nenhum partido e decidirão provavelmente quem será o presidente, de modo que ambos os candidatos tentam mobilizar o voto dos indecisos.
"Ouçam suas palavras, elas nos dizem quem ele é e o que ele vai fazer se for eleito presidente", disse Kamala antes de Trump aparecer em um vídeo dizendo que "os piores são os inimigos internos", que é "gente doente, lunáticos de esquerda radical", muito "mais perigosos do que Rússia e China".
O magnata vem repetindo há alguns dias que, "se for necessário", a "Guarda Nacional" ou "os militares" deveriam ficar a cargo desse "inimigo interno".
"Está falando que considera [inimigo] qualquer um que não o apoie, ou que não se dobre às suas vontades" e que "usaria os militares para persegui-los", afirmou a vice-presidente de 59 anos.
"Sabemos para quem ele apontaria porque já os atacou antes, jornalistas cujas histórias não lhe agradam, funcionários eleitorais que se negam a cometer fraudes [...] encontrando votos adicionais para ele, juízes que insistem em cumprir a lei ao invés de se dobrarem à sua vontade", afirmou.
- 'Um poder sem controle' -
"Esta é uma das razões pelas quais acredito tão firmemente que um segundo mandato de Trump seria um grande risco para os Estados Unidos e perigoso", ressaltou Kamala em um de seus discursos mais duros.
Segundo ela, seu adversário "está cada vez mais instável e perturbado, e está em busca de um poder sem controle".
A ex-procuradora da Califórnia também se dirigiu ao eleitorado negro, já que está perdendo nas pesquisas nessa faixa do eleitorado em comparação com seus antecessores democratas na corrida pela Casa Branca.
Kamala propôs ajudas aos homens afro-americanos para criar pequenas empresas ou comércios, com empréstimos a juros baixos, e para facilitar seu acesso à educação e formação.
Trump "dará aos bilionários e às corporações cortes de impostos maciços, como fez antes, reduzirá a Seguridade Social e o Medicare", um programa de seguro de saúde para pessoas de 65 anos ou mais, alertou.
- 'Lunáticos de esquerda' -
Por sua vez, Trump participou de um ato de campanha na localidade de Oaks, nos arredores da Filadélfia, a maior cidade da Pensilvânia, estado que oferece 19 votos dos 270 necessários no Colégio Eleitoral para ganhar as eleições.
O bilionário, que se nega a tornar público um relatório médico detalhado e se recusou a participar de um segundo debate na televisão com sua rival, estimou que Kamala "não foi talhada para este trabalho".
Mais uma vez, atacou a imigração irregular, o problema mais importante do país na sua opinião, à frente da economia.
"É incrível, estes lunáticos da esquerda radical. Querem que todo o mundo entre em nosso país, muitas dessas pessoas são criminosos, e depois também querem tirar as armas de vocês simultaneamente", quando "vocês precisam delas para se protegerem", afirmou, demonizando novamente os migrantes, no momento em que as estatísticas oficiais revelam que a criminalidade está em queda.
Além disso, reiterou que invocará a lei de inimigos estrangeiros promulgada em 1798 para expulsar os migrantes que estão em situação irregular.
O magnata teve que interromper o comício duas vezes por emergências médicas, e aproveitou para pedir que espalhassem a "Ave Maria". O evento terminou com música.