O presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, em 10 de setembro de 2024 em Xangai
Hector RETAMAL
O presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, em 10 de setembro de 2024 em Xangai
Héctor Retamal

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, prioriza o combate à desinformação com um plano de "regeneração democrática" de alcance ainda incerto, que depende em grande parte da transposição das normas europeias e que tem gerado duras críticas por parte da oposição.

Poucos dias depois de apresentar o seu plano, Sánchez participa nesta terça-feira (24) de um evento centrado na luta contra a desinformação, à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York.

O evento também será liderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no contexto de bloqueio da rede social X no país por permitir notícias falsas.

O socialista espanhol anunciou há poucos meses o seu desejo de "regenerar" a democracia, denunciando uma "máquina de lama" que espalha "desinformação e difamação".

Sánchez fez estes comentários após a abertura de uma investigação por corrupção empresarial e tráfico de influência contra a sua esposa, depois de uma denúncia apresentada por um grupo próximo da extrema direita que admitiu ter confiado em informações não verificadas.

O plano do governo, que deverá ser aplicado progressivamente até o final da legislatura em três anos, inclui quase 30 medidas.

Entre elas a criação de um registro público que liste os jornais, os seus proprietários e as suas receitas publicitárias, o reforço do direito à privacidade e a possibilidade de retificar informações erradas.

As medidas "obviamente não vão resolver o problema, mas (...) na medida em que podem ajudar a aumentar a confiança dos cidadãos nos meios de comunicação, acho que é positivo", disse Raúl Magallón, professor do departamento de Comunicação da Universidade Carlos III de Madri.

A oposição não poupou críticas ao projeto.

Trata-se de "uma ofensiva contra juízes, jornalistas e meios de comunicação, um plano de censura", afirmou no Congresso dos Deputados o líder do Partido Popular (PP, direita), Alberto Núñez Feijoó.

A dificuldade para Sánchez é que algumas das medidas do seu plano exigirão a aprovação de novas leis.

Mas mesmo que não alcance o seu objetivo, o líder socialista poderá ver a sua luta como uma oportunidade para aumentar a sua estatura internacional, na opinião da cientista política Cristina Monge: "Acredito que Pedro Sánchez vai querer desempenhar um papel como líder internacional nesta questão da desinformação e esse encontro com Lula é um exemplo".

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