Coluna de fumaça provocada por bombardeios israelenses no sul do Líbano, em 23 de setembro de 2024
Jalaa MAREY
Coluna de fumaça provocada por bombardeios israelenses no sul do Líbano, em 23 de setembro de 2024
Jalaa MAREY

Israel voltou a bombardear alvos do Hezbollah no Líbano na madrugada desta terça-feira (24), um dia após os ataques intensos que deixaram mais de 500 mortos e aumentaram os temores de um conflito regional, quase um ano após o início da guerra em Gaza.

A Assembleia Geral da ONU em Nova York nesta terça-feira será dominada pelo medo de uma guerra ampla no Oriente Médio, após a intensificação da escalada militar entre o Exército israelense e o movimento islamista pró-Irã Hezbollah no Líbano.

Desde o início da guerra em Gaza, em 7 de outubro de 2023 com o ataque do Hamas em território israelense, o Exército de Israel e o Hezbollah, que apoia o aliado palestino, trocam tiros quase diariamente ao longo da fronteira entre Israel e Líbano.

Mas na segunda-feira foi registrado o dia mais letal na região, quando Israel bombardeou "quase 1.600 alvos terroristas" no sul do Líbano e no Vale do Bekaa, no leste, redutos do Hezbollah.

Ao menos 558 pessoas morreram nos ataques, incluindo 50 crianças e 94 mulheres, e 1.835 ficaram feridas, segundo um balanço atualizado divulgado nesta terça-feira pelo Ministério da Saúde libanês.

O Exército israelense afirmou que vários integrantes da milícia pró-Irã morreram nos bombardeios.

Nesta terça-feira, as tropas israelenses voltaram a bombardear "dezenas de alvos do Hezbollah em diversas áreas no sul do Líbano", incluindo infraestruturas e depósitos de armas do movimento xiita, informou um comunicado militar.

O Hezbollah lançou mísseis Fadi 2 contra Israel e atingiu posições militares perto de Haifa, no norte de Israel, incluindo uma "fábrica de explosivos" a 60 km da fronteira libanesa, assim como a cidade de Kiryat Shmona.

- "Dia de terror" -

Dezenas de milhares de libaneses fugiram das áreas bombardeadas desde segunda-feira, segundo a ONU, e seguiram para Sidon, a maior cidade do sul do país, ou Beirute. Nesta terça-feira, vários carros permaneciam bloqueados na rodovia que leva à capital.

Quase 500 pessoas entraram na Síria procedentes do Líbano, informou uma fonte das forças de segurança de Damasco, que pediu anonimato à AFP. Os deslocados atravessaram a fronteira nos postos de Al Qusayr e Debusiya.

"Foi um dia de terror", declarou à AFP Thuraya Harb, uma libanesa de 41 anos refugiada nas imediações de Beirute, após uma viagem de oito horas a partir do sul. "Eu não queria partir, mas as crianças estavam com medo e saímos, com a roupa do corpo apenas", acrescentou.

O primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, denunciou um "plano de destruição" contra seu país, onde as escolas permanecerão fechadas nesta terça-feira.

Em apenas um dia, o Exército de Israel "neutralizou dezenas de milhares de foguetes e munições", disse o ministro da Defesa, Yoav Gallant, para quem o Hezbollah vive "a semana mais difícil desde a sua criação" em 1982.

Israel alertou na semana passada que o centro de gravidade da guerra em Gaza estava em deslocamento para o norte, para permitir o retorno da população que mora no norte do território do país.

O Hezbollah prometeu que continuará atacando Israel "até o fim da agressão em Gaza".

As hostilidades entre Israel e o Hezbollah aumentaram desde a onda de explosões de dispositivos de comunicação do movimento islamista na semana passada, atribuídas a Israel, ação que provocou 39 mortes, segundo as autoridades libanesas.

Na sexta-feira, um bombardeio israelense na periferia sul de Beirute matou 16 membros da força de elite do movimento pró-Irã, incluindo o seu líder, Ibrahim Aqil.

- "Outra Gaza" -

"Estamos quase à beira de uma guerra total", alertou o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell.

O novo presidente do Irã, Masud Pazeshkian, declarou ao canal CNN que o Hezbollah não poderia "ficar sozinho" diante de Israel. Também afirmou que a comunidade internacional "não deve permitir que o Líbano vire outra Gaza".

O presidente americano, Joe Biden, que pronunciará nesta terça-feira seu último discurso na Assembleia Geral da ONU, afirmou que trabalha por uma "desescalada".

O governo dos Estados Unidos se opõe a uma invasão terrestre do Líbano e apresentará "ideias concretas" aos aliados esta semana para tentar apaziguar o conflito, afirmou uma fonte da administração americana.

O G7 destacou que "nenhum país ganhará com uma escalada no Oriente Médio".

O Iraque pediu uma "reunião urgente" dos países árabes à margem da Assembleia Geral para "deter" Israel.

A guerra na Faixa de Gaza começou em 7 de outubro de 2023, após o ataque do Hamas em Israel, no qual morreram 1.205 pessoas, segundo uma contagem da AFP baseada em números oficiais israelenses.

Dos 251 sequestrados durante a incursão dos islamistas, 97 permanecem em cativeiro no estreito território palestino, incluindo 33 declarados mortos pelo Exército israelense.

A ofensiva israelense provocou as mortes de pelo menos 41.467 palestinos, segundo dados do Ministério da Saúde deste território governado pelo Hamas, considerados confiáveis pela ONU, e um desastre humanitário.

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