Robyn Beck
A campanha presidencial americana continua nesta segunda-feira (16) em um país alarmado devido a uma nova tentativa de assassinato contra o candidato republicano Donald Trump, que a atribuiu à "retórica" de sua adversária democrata Kamala Harris e do presidente americano Joe Biden.
O suspeito "acreditou na retórica de Biden e Harris e agiu de acordo com ela", declarou à Fox News, afirmando que a mesma "está fazendo com que disparem contra mim".
Pouco antes, Biden pediu "mais ajuda" ao Serviço Secreto, a polícia de elite encarregada de proteger figuras políticas, que necessita de "mais pessoal", avaliou.
"Graças a Deus (Trump) está bem", declarou o presidente democrata à imprensa na Casa Branca.
"A principal prioridade é ter respostas para compreender como o presidente Trump pode ter sofrido várias tentativas de assassinato", comentou o líder republicano da Câmara dos Representantes, Mike Johnson, aliado do magnata, na rede social X.
Trump "não é o presidente em exercício, se fosse, teríamos cercado completamente o campo de golfe (onde esteva no domingo), mas como não é, o sistema de segurança está limitado aos locais escolhidos pelo Serviço Secreto", que "fez exatamente o que tinha que fazer", declarou o xerife do condado de Palm Beach (Flórida), Ric Bradshaw.
Na tarde de domingo, o candidato republicano estava em seu campo de golfe na Flórida quando foram ouvidos "disparos" próximos, de acordo com sua equipe.
Vários agentes do Serviço Secreto "abriram fogo contra um homem armado" próximo ao local, informaram fontes de segurança.
Os agentes encontraram um fuzil AK-47, duas mochilas e um equipamento de gravação de vídeo.
Ryan Wesley Routh, um americano pró-Ucrânia que foi entrevistado pela AFP em 2022 em Kiev, foi preso graças a uma testemunha que identificou o seu carro.
Nesta segunda-feira, ele foi acusado de porte ilegal de uma arma de fogo e porte de uma arma com o número de série apagado em um sua primeira audiência no tribunal.
Segundo a imprensa americana, Routh supostamente era um empreiteiro autônomo de residências populares no Havaí, com um histórico de prisões ao longo de várias décadas.
Espera-se que o suspeito enfrente outras acusações posteriormente.
Uma sucessão de acontecimentos inusitados torna a campanha eleitoral sem precedentes na história da democracia americana, que terá suas próximas eleições em 50 dias, em 5 de novembro.
- "Violência" -
Trump, de 78 anos, escapou de uma primeira tentativa de assassinato em julho e Biden desistiu da corrida presidencial apenas algumas semanas após um debate catastrófico, abrindo caminho para sua vice-presidente Kamala Harris, de 59 anos.
Quando o cenário parecia ter voltado à normalidade, os americanos estavam longe de imaginar que o republicano seria alvo de uma segunda tentativa de assassinato da qual, segundo ele, saiu "são e salvo".
Biden, que deixará o cargo em 20 de janeiro, declarou no domingo que "não há espaço para a violência política ou qualquer tipo de violência" no país.
Segundo a imprensa americana, o bilionário Elon Musk, apoiador de Trump, publicou e depois apagou uma mensagem na sua rede X na qual perguntava por que ninguém tinha tentado matar Kamala ou Biden.
A vice-presidente e candidata democrata expressou sua revolta pelo ocorrido na Flórida.
Houve ainda condenações a nível internacional, como a do presidente ucraniano Volodimir Zelensky, que está atento às eleições devido à quantidade de ajuda militar que recebe de Washington.
O Kremlin, considerou que o incidente é um sinal de uma "intensificação" da campanha eleitoral americana.
Nos últimos dias, boatos foram difundidos nas redes sociais alegando falsamente que imigrantes haitianos de Springfield, no estado de Ohio, roubam gatos, cães e outros animais de estimação para comê-los.
Tal desinformação foi amplificada por Trump em seus comícios e em um debate presidencial televisionado para dezenas de milhões de americanos, levando a alertas de bombas e ao fechamento temporário de escolas.