A campanha presidencial americana prosseguiu nesta segunda-feira (16) em um país alarmado por uma suposta segunda tentativa de assassinato do candidato republicano, Donald Trump, que a atribuiu ao que chamou de "retórica" de sua adversária democrata, Kamala Harris, e do presidente americano, Joe Biden.
O suspeito "acreditou na retórica de Biden e Harris e agiu de acordo com ela", declarou à Fox News, afirmando que a mesma "está fazendo com que disparem contra mim".
Biden, que deu "graças a Deus" que Trump tenha saído ileso, se defendeu: "Sempre condenei a violência política. Sempre o farei".
Os americanos resolvem suas diferenças "pacificamente nas urnas, não à base de pistola", reforçou na Filadélfia (leste), horas depois de pedir "mais ajuda" para o Serviço Secreto, a polícia de elite encarregada da proteção das personalidades políticas.
- 'Todos os recursos' -
Seu secretário de Justiça e procurador-geral, Merrick Garland, prometeu hoje mobilizar "todos os recursos disponíveis" para investigar os fatos.
Na rede social X, o líder republicano da Câmara dos Representantes, Mike Johnson, considerou prioritário "ter respostas para compreender como o presidente Trump pode ter sofrido várias tentativas de assassinato".
Trump "não é o presidente em exercício, se fosse, teríamos cercado completamente o campo de golfe (onde esteva no domingo), mas como não é, o sistema de segurança está limitado aos locais escolhidos pelo Serviço Secreto", que "fez exatamente o que tinha que fazer", declarou o xerife do condado de Palm Beach (Flórida), Ric Bradshaw.
Na tarde de ontem, Trump estava em seu campo de golfe na Flórida quando foram ouvidos "disparos", segundo sua equipe. Agentes do Serviço Secreto "abriram fogo contra um homem armado" próximo ao local, segundo fontes da segurança.
Os agentes encontraram um fuzil AK-47, duas mochilas e um equipamento de gravação de vídeo. Ryan Wesley Routh, um americano pró-Ucrânia entrevistado pela AFP em 2022 em Kiev, foi preso, graças a uma testemunha que identificou seu carro.
Routh foi acusado hoje de posse ilegal de armas. O diretor do Serviço Secreto, Ronald Rowe, afirmou que ele não atirou contra Trump nem contra os agentes de segurança.
Segundo a imprensa americana, Routh supostamente era um empreiteiro autônomo de residências populares no Havaí, com um histórico de prisões ao longo de várias décadas. Ele deve enfrentar outras acusações.
Uma sucessão de acontecimentos fora do comum torna esta campanha eleitoral sem precedentes na história da democracia americana, que terá suas próximas eleições em 5 de novembro.
- Violência -
Trump, 78 anos, escapou de uma primeira tentativa de assassinato em julho e Biden desistiu da corrida presidencial apenas algumas semanas após um debate catastrófico, abrindo caminho para sua vice-presidente Kamala Harris, de 59 anos.
Quando o cenário parecia ter voltado à normalidade, os americanos estavam longe de imaginar que o republicano seria alvo de uma segunda tentativa de assassinato, da qual, segundo ele, escapou "são e salvo".
Os nervos estavam à flor da pele no país. Segundo a imprensa americana, o bilionário Elon Musk, apoiador de Trump, excluiu uma mensagem publicada na rede X na qual questionava por que ninguém havia tentado matar Kamala ou Biden. A vice-presidente e candidata democrata expressou revolta pelo ocorrido na Flórida.
Também houve condenações em nível internacional, como a do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que está atento às eleições devido à quantidade de ajuda militar que recebe de Washington. O Kremlin, por sua vez, considerou o incidente um sinal de "intensificação" da campanha eleitoral americana.
O certo é que a tensão é palpável. Nos últimos dias, boatos se espalharam nas redes sociais indicando que imigrantes haitianos de Springfield, Ohio, roubam animais de estimação para comê-los.
Essa desinformação, amplificada por Trump em seus comícios e em um debate presidencial transmitido para dezenas de milhões de americanos, provocaram 33 alertas de bomba e o fechamento temporário de escolas, segundo autoridades estaduais.