Pedestres caminham em frente à Torre Eiffel em Paris, no dia 16 de julho de 2024
EMMANUEL DUNAND
Pedestres caminham em frente à Torre Eiffel em Paris, no dia 16 de julho de 2024
EMMANUEL DUNAND

Grupos criminosos sul-americanos assaltaram turistas durante os Jogos Olímpicos de Paris-2024, alertaram as autoridades em um relatório confidencial, em um novo caso na França após a final da Liga dos Campeões em 2022.

Este documento relata, segundo uma fonte próxima ao caso, a proporção significativa de prisões de cidadãos do Chile, Equador, Peru e Colômbia em relação ao total de detenções durante o evento olímpico.

Estes batedores de carteira experientes, organizados em grupos de três a cinco pessoas compostos por homens e mulheres entre 30 e 50 anos, tinham como principal objetivo os turistas estrangeiros nos transportes públicos e nos hotéis.

A nota descreve estas "associações" como "muito móveis e ligadas a organizações criminosas internacionais" e especializadas em "crimes de apropriação", segundo esta fonte.

As autoridades suspeitam que alguns estejam ligados a grupos criminosos no Chile, associadas à organização criminosa "Lanzas Internacionales".

O seu raio de ação estende-se por Europa, Oriente Médio e Canadá, afirma a fonte, descrevendo-os como "turistas do crime".

Os membros destas organizações transmitem entre si uma "cultura do roubo no exterior" e muitas vezes têm autorização de residência na Espanha, país utilizado como porta de entrada e base de retaguarda.

Devido ao seu caráter itinerante, são monitorados pelas organizações policiais internacionais Europol e Interpol. A França também antecipou sua presença durante os Jogos Olímpicos realizados entre 26 de julho e 11 de agosto, em contato com seus países de origem, segundo a fonte.

Durante o evento olímpico, uma dezena de roubos poderiam ser atribuídos a um destes grupos, incluindo o de uma câmera avaliada em 15.000 euros (US$ 16.500 ou R$ 92 mil na cotação atual) que foi usada para transmitir as provas de Saltos Ornamentais no Centro Aquático Olímpico de Saint-Denis, no norte de Paris.

A investigação levou à prisão de três homens e uma mulher de nacionalidade colombiana, dois deles residentes no Brasil, no início de agosto em uma casa no departamento de Seine Saint-Denis alugada através da plataforma Airbnb.

Foram descobertos laptops, joias, relógios de luxo, dispositivos digitais e até roupas com o slogan "Paris 2024" usadas pelos criminosos, além do credenciamento roubado de um atleta dos Estados Unidos.

Eles foram condenados a dois anos de prisão e estão proibidos de viajar para a França por 10 anos ao final da detenção.

Outros grupos de sul-americanos possuíam credenciamentos e pulseiras falsos para acessar as instalações e a Vila Olímpica, além de documentação falsa (credenciais de imprensa, documentos de identidade e outros), segundo a nota.

As autoridades prenderam equatorianos, chilenos, argentinos e cubanos em diversos casos. Alguns dos colombianos condenados em agosto também estiveram presentes na final da Liga dos Campeões de maio de 2022, no Stade de France.

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