OLIVER BUNIC
A França segue, nesta quarta-feira (4), à espera de saber quem será seu próximo primeiro-ministro, quase dois meses após as eleições legislativas que levaram a um bloqueio político, enquanto o presidente Emmanuel Macron continua em busca de um candidato.
O presidente francês convocou inesperadamente eleições legislativas em junho com o objetivo de obter uma "clareza" sobre o panorama político após a vitória da extrema direita nas eleições europeias.
O resultado, no entanto, mergulhou a França em um bloqueio político. Os três blocos que surgiram das eleições — esquerda, centro-direita e extrema direita — ficaram longe da maioria absoluta de 289 deputados.
Nos últimos dias, o presidente tem mantido contatos para tentar tirar o país do impasse.
De acordo com fontes próximas a Macron, era provável que fosse anunciado nesta quarta-feira quem dirigirá o futuro governo, mas, horas depois, a informação foi desmentida.
"Estamos avançando. Os critérios do presidente continuam sendo a 'não censurabilidade' e a capacidade de formar coalizões", disse uma fonte próxima ao mandatário, referindo-se ao fato de que Macron busca uma garantia de que o futuro governo não seja imediatamente rejeitado pelo Parlamento.
Dessa forma, tudo indica que Macron concluiu que os nomes que considerava até agora, o do ex-ministro de direita Xavier Bertrand e o do ex-primeiro-ministro socialista Bernard Cazeneuve, não atendem aos critérios necessários. De fato, o entorno do presidente não insistiu nesta quarta-feira, como vinha fazendo há dias, que essas opções continuassem sobre a mesa.
Um conselheiro ministerial apontou que a opção de Bertrand "muito provavelmente" está descartada "100%", pois ele "nunca teria uma maioria para [aprovar] qualquer lei".
O nome de Michel Barnier, um ex-ministro conservador de 73 anos que também atuou como negociador do Brexit na UE, entrou nesta quarta-feira para a lista de possíveis candidatos.
De qualquer forma, quem for nomeado corre o risco de enfrentar uma moção de censura apoiada tanto pelo bloco de esquerda quanto pelo da extrema direita, liderado pelo partido Reagrupamento Nacional (RN), ambos opostos a Macron.
Nas eleições legislativas, o RN e seus aliados obtiveram 142 deputados; a aliança de Macron, 166, e a coalizão de esquerda Nova Fronte Popular, 193.