Fábrica alemã admite ter utilizado mais trabalho escravo do que estimava durante o nazismo

O fabricante alemão de biscoitos Bahlsen utilizou muito mais trabalhadores forçados da Polônia e da Ucrânia durante o nazismo do que se sabia, segundo um estudo encomendado pela própria...

Biscoitos Bahlsen em uma linha de produção na fábrica em Barsinghausen, Hannover (norte da Alemanha). Fotografia tirada em 3 de março de 2015
Foto: JULIAN STRATENSCHULTE
Biscoitos Bahlsen em uma linha de produção na fábrica em Barsinghausen, Hannover (norte da Alemanha). Fotografia tirada em 3 de março de 2015
JULIAN STRATENSCHULTE

O fabricante alemão de biscoitos Bahlsen utilizou muito mais trabalhadores forçados da Polônia e da Ucrânia durante o nazismo do que se sabia, segundo um estudo encomendado pela própria empresa, que fez uma mea culpa.

Cerca de 800 trabalhadores forçados foram identificados entre 1940 e 1945 na empresa de Hanover, segundo este estudo realizado pelos historiadores Manfred Grieger e Hartmut Berghoff, que investigaram a pedido da família Bahlsen, informou a companhia nesta quinta-feira (15).

O número é muito mais alto do que foi estimado anteriormente: 200 a 250 trabalhadores forçados.

"A verdade sobre o que aconteceu nesta época (nazismo) é incômoda e dolorosa", comentou a família Bahlsen em um comunicado à imprensa.

O estudo “mostra que nossos ancestrais e os atores da época se beneficiaram do sistema durante o período nazista”, acrescenta a declaração da empresa familiar fundada no final do século XIX.

Trabalhadores forçados foram empregados para produzir rações alimentares para o Exército alemão.

Os herdeiros de Bahlsen afirmaram que até agora não conheciam muitos detalhes sobre a história da empresa e nunca haviam se perguntado como ela conseguiu operar e sobreviver durante a Segunda Guerra Mundial.

Esse estudo foi encomendado depois que uma jovem herdeira da empresa, Verena Bahlsen, provocou polêmica em maio de 2019 ao minimizar publicamente o sofrimento dos trabalhadores forçados da empresa durante a era nazista.

AFP