Governo interino de Bangladesh expressa preocupação com ataques a minorias religiosas

O novo governo interino de Bangladesh, presidido pelo ganhador do Prêmio Nobel da Paz, Muhammad Yunus, expressou "grande preocupação" neste domingo (11), após relatos de ataques a...

Um casal hindu reza em frente a um templo em Daca, em 9 de agosto de 2024
Foto: Indranil MUKHERJEE
Um casal hindu reza em frente a um templo em Daca, em 9 de agosto de 2024
Indranil MUKHERJEE

O novo governo interino de Bangladesh, presidido pelo ganhador do Prêmio Nobel da Paz, Muhammad Yunus, expressou "grande preocupação" neste domingo (11), após relatos de ataques a minorias religiosas nas últimas semanas.

Yunus assumiu a liderança interina do governo na quinta-feira, dias depois da renúncia da primeira-ministra Sheikh Hasina, após semanas de protestos estudantis violentamente reprimidos.

Desde a fuga de Hasina para o exterior, na segunda-feira, que pôs fim a 15 anos de um governo autocrático, houve inúmeros relatos de violência contra casas, templos e empresas pertencentes à comunidade hindu.

Considera-se que esta minoria religiosa, a maior neste país de 170 milhões de habitantes – de maioria muçulmana – apoia plenamente a Liga Awami, partido de Hasina.

"Os ataques a minorias religiosas em alguns lugares foram constatados com profunda preocupação", declarou o governo interino em sua primeira declaração oficial, acrescentando que os seus membros se reuniriam para "encontrar formas de pôr fim a estes ataques de ódio".

O texto publicado neste domingo inclui outras prioridades urgentes.

O governo ordenou que seja fornecido apoio às famílias dos manifestantes mortos durante as semanas de protestos que levaram à renúncia da primeira-ministra. Além disso, os fundos públicos serão usados para pagar o atendimento dos feridos durante os distúrbios, que começaram no início de julho e deixaram mais de 450 mortos.

O novo presidente do Supremo Tribunal, Syed Refaat Ahmed, tomou posse após a renúncia, no sábado, de Obaidul Hasan, um aliado de Hasina. O chefe da polícia foi destituído e o governo também anunciou que nomearia em breve um novo governador do banco central para substituir o anterior, leal a Hasina.

As manifestações que derrubaram a ex-líder de 76 anos começaram com protestos estudantis contra um sistema de cotas na atribuição de cargos públicos, que segundo seus críticos beneficiava grupos leais à Liga Awami.

Yunus, um economista de 84 anos apelidado de "banqueiro dos pobres", disse que trabalharia para que "eleições livres e justas sejam realizadas nos próximos meses".

AFP