Horror após ataque a uma escola em Gaza durante oração

Os habitantes de Gaza descobriram, neste sábado (10), a enorme magnitude dos danos causados por um ataque israelense a uma escola corânica, que abrigava desalojados...

Homem se ajoelha ao lado do corpo de um parente após ataque israelense a escola
Foto: Omar AL-QATTAA
Homem se ajoelha ao lado do corpo de um parente após ataque israelense a escola
Omar AL-QATTAA

Os habitantes de Gaza descobriram, neste sábado (10), a enorme magnitude dos danos causados por um ataque israelense a uma escola corânica, que abrigava desalojados, durante as orações da madrugada.

"Estou sem palavras", disse Abu Wasim, um morador que chegou ao local ao amanhecer. "Pessoas pacíficas, mulheres, crianças e jovens estavam orando quando foram atingidos por um míssil e talvez mais."

"Crianças foram despedaçadas e mulheres ficaram queimadas. O que podemos dizer ou fazer? O que está em nossas mãos?", perguntou ele após mais de dez meses de guerra e bombardeios implacáveis na Faixa de Gaza.

Dois andares da escola corânica Al Tabi'een e a mesquita adjacente foram atingidos, matando pelo menos 93 pessoas, incluindo onze crianças e seis mulheres, disse o porta-voz da Defesa Civil de Gaza, Mahmud Basal, cujas unidades chegaram rapidamente ao local.

Em uma área completamente destruída, corpos cobertos de sangue estão espalhados pelo chão. Os homens os carregam em cobertores, enquanto outros iluminam o caminho com seus celulares para avançar sobre os escombros.

"Não houve advertência, todos que estavam dentro da mesquita morreram. Até mesmo o andar superior, onde mulheres e crianças estavam dormindo, foi completamente queimado", diz Wasim.

"Estamos surpresos com a magnitude do massacre", diz outro homem que não revelou sua identidade. "Vimos corpos empilhados uns sobre os outros, restos humanos despedaçados", acrescenta.

- Todo mundo é um alvo -

O trabalho de identificação promete ser difícil. "As equipes de resgate não conseguem reconstruir um corpo a partir de restos humanos", observa o porta-voz da Defesa Civil, desanimado. "A cena é difícil e catastrófica, nos lembra os primeiros dias da guerra na Faixa de Gaza", detalha.

Israel começou a atacar a Faixa de Gaza logo depois que o movimento islamista palestino Hamas atacou o sul de Israel em 7 de outubro.

O Exército israelense disse em um comunicado neste sábado que "de acordo com a Inteligência de Israel, cerca de 20 militantes do Hamas e da Jihad Islâmica - incluindo altos comandantes - estavam operando do local atacado na escola Al Tabi'een".

Para Tela't al Ghafry, um morador do bairro que abriga a escola bombardeada, "todo mundo é um alvo, seja aqui ou em qualquer outro lugar" na Faixa de Gaza.

"O que essas pobres pessoas podem fazer? Aqui era seu refúgio, para onde podem ir agora?", se pergunta o idoso que perdeu o filho e a nora.

Dos 2,4 milhões de habitantes da Faixa de Gaza, quase todos foram deslocados pelo menos uma vez em função da evolução dos combates e bombardeios desde o início da guerra, de acordo com as Nações Unidas.

AFP