Chefe de Governo alemão pede a Milei para prestar atenção à 'coesão social'

O chefe de Governo da Alemanha, Olaf Scholz, pediu, neste domingo (23) em Berlim, ao presidente argentino Javier Milei que cuide da "coesão social", após os protestos em Buenos Aires contra a...

O chanceler alemão Olaf Scholz (D) recebe o presidente argentino Javier Milei em Berlim, em 23 de junho de 2024
Foto: RALF HIRSCHBERGER
O chanceler alemão Olaf Scholz (D) recebe o presidente argentino Javier Milei em Berlim, em 23 de junho de 2024
RALF HIRSCHBERGER

O chefe de Governo da Alemanha, Olaf Scholz, pediu, neste domingo (23) em Berlim, ao presidente argentino Javier Milei que cuide da "coesão social", após os protestos em Buenos Aires contra a reforma do Estado promovida pelo dirigente ultraliberal.

Acompanhado de sua irmã Karina Milei, secretária-geral da Presidência, o mandatário sul-americano foi recebido pelo social-democrata Scholz na Chancelaria em Berlim.

Após o encontro não houve coletiva de imprensa, tal e como avisou na sexta-feira o Executivo alemão, que apresentou a reunião como uma visita de trabalho "muito breve" e disse que o formato reduzido se deveu aos desejos do governo argentino.

Não obstante, o governo da maior economia europeia emitiu um comunicado no qual assinalou que o chanceler alemão e o presidente Milei "falaram dos planos de reforma da Argentina e seu impacto na população".

"O Chanceler enfatizou que, na sua opinião, a compatibilidade social e a proteção da coesão social deveriam ser pilares importantes", segundo a nota.

Um grupo com quase 10 pessoas protestou contra o mandatário argentino em frente à chancelaria com cartazes com mensagens como "a Argentina não está à venda" e "Fora Milei".

Depois de seis meses de governo, Milei obteve em meados deste mês um triunfo legislativo quando seu pacote de reformas e desregulação econômica conhecido como a "lei Bases" foi aprovado por margem estreita no Senado.

Houve protestos e distúrbios durante a votação do pacote, que ainda deve ser aprovado de maneira definitiva na Câmara dos Deputados.

A "lei Bases" inclui privatizações de empresas públicas, incentivos tributários ao capital estrangeiro, e a delegação de faculdades especiais ao Poder Executivo.

O governo alemão também detalhou que as conversas abrangeram "todo o leque das relações bilaterais", incluindo comércio, energias renováveis e proteção do clima.

Os dois líderes falaram também da difícil negociação de um acordo de livre-comércio entre o Mercosul e a União Europeia. "Acordaram que [...] deveriam finalizar [o acordo] rapidamente", segundo o comunicado do governo alemão.

Milei e Scholz também conversaram sobre o possível acesso da Argentina à OCDE, um esforço que Berlim "apoia".

Antes de sua viagem à Alemanha, Milei efetuou sua segunda visita em pouco mais de um mês à Espanha, onde, mais uma vez, não se reuniu nem com o rei Felipe VI nem com o presidente de governo, o socialista Pedro Sánchez.

Na capital espanhola, Milei recebeu uma condecoração da presidente conservadora da Comunidade de Madri, Isabel Díaz Ayuso, o que causou irritação no governo espanhol.

Segundo muitos observadores, o formato reduzido da visita a Berlim poderia se explicar pelas declarações realizadas na segunda-feira pelo porta-voz do governo alemão Steffen Hebestreit, que classificou de "mau gosto" os comentários de Milei sobre Begoña Gómez, a esposa de Pedro Sánchez.

Em maio, durante uma convenção do partido de extrema direita Vox em Madri, Milei se referiu à esposa de Sánchez como "mulher corrupta", ao que a Espanha reagiu retirando sua embaixadora em Buenos Aires.

Milei se referiu assim a Begoña Gómez pela abertura de uma investigação judicial contra ela por suposto tráfico de influência e corrupção.

AFP