Coreia do Sul retoma propaganda com alto-falantes após receber mais balões com lixo do Norte

A Coreia do Sul retomou suas campanhas de propaganda com alto-falantes em direção ao Norte neste domingo (9), depois de Pyongyang lançar mais de 300 balões carregados de lixo em...

Restos de papéis de um balão com lixo lançado pela Coreia do Norte em uma rua de Seul, em imagem divulgada em 9 de junho de 2024 pelo Ministério da Defesa sul-coreano
Foto: HANDOUT
Restos de papéis de um balão com lixo lançado pela Coreia do Norte em uma rua de Seul, em imagem divulgada em 9 de junho de 2024 pelo Ministério da Defesa sul-coreano
Handout

A Coreia do Sul retomou suas campanhas de propaganda com alto-falantes em direção ao Norte neste domingo (9), depois de Pyongyang lançar mais de 300 balões carregados de lixo em seu território nas últimas horas.

"O Exército sul-coreano realizou uma transmissão por alto-falante nesta tarde", indicou o Estado-Maior Conjunto de Seul, acrescentando que possíveis transmissões adicionais "dependem inteiramente das ações da Coreia do Norte".

O gabinete presidencial havia anunciado anteriormente que realizaria esta ação, chamando-a de "medida correspondente" aos mais de 300 balões de lixo que a Coreia do Norte enviou desde sábado.

Essas medidas, embora "possam ser difíceis de suportar para o regime" do líder Kim Jong-Un, "transmitirão mensagens de luz e esperança ao Exército e aos cidadãos norte-coreanos", assegurou Seul.

O Exército sul-coreano indicou neste domingo que seu vizinho estava "fazendo flutuar novamente (supostos) balões com lixo em direção ao Sul", e aconselhou a população a informar as autoridades sobre qualquer balão e se abster de tocá-los.

No final de maio, Pyongyang enviou centenas destes objetos com sacolas cheias de resíduos, desde bitucas de cigarro até excrementos de animais.

Em 2 de junho, anunciou que pararia de fazê-lo, mas voltou a lançá-los no sábado, em resposta ao envio, por parte de ativistas sul-coreanos, de balões carregados com panfletos de propaganda contra o regime de Kim Jong-Un.

O Exército sul-coreano afirmou que a análise dos balões que chegaram no sábado "indica que não contêm substâncias prejudiciais à segurança", detalhando que continham papéis e plásticos descartados.

- Risco de "conflito armado" -

O presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol, suspendeu completamente na terça-feira um acordo militar de distensão que assinou com a Coreia do Norte em 2018.

Este pacto, assinado em uma época de melhores relações diplomáticas entre os dois países tecnicamente em guerra, tinha como objetivo reduzir as tensões na península e evitar uma escalada militar, especialmente ao longo da fronteira militarizada.

Sua suspensão completa permite a Seul retomar os exercícios de disparos reais e as campanhas de propaganda contra o regime do Norte com os alto-falantes na fronteira.

A Coreia do Sul utiliza esse tipo de propaganda, que remonta à Guerra da Coreia (1950-53), como retaliação ao que considera as constantes provocações de Pyongyang.

A última vez que recorreu a ela foi em 2016, após o quarto teste nuclear norte-coreano.

Em suas campanhas, Seul utiliza grandes alto-falantes para transmitir propaganda contra o regime norte-coreano ou música K-pop perto da zona desmilitarizada que separa os dois países.

Essas mensagens irritam Pyongyang, que já ameaçou atirar nos alto-falantes com sua artilharia.

"É muito provável que a retomada das mensagens com os alto-falantes leve a um conflito armado" e que "a Coreia do Norte retome seus disparos no mar Amarelo ou atire nos balões se o Sul lançá-los novamente", estima Cheong Seong-chang, diretor de estratégia para a península coreana no Instituto Sejong.

A Coreia do Norte tentou apagar o rastro do sinal GPS por vários dias no final de maio, embora não tenha conseguido deter a atividade militar sul-coreana, segundo este especialista.

"É provável que esse tipo de provocação apareça sob uma forma muito mais forte no mar Amarelo", acrescentou.

AFP