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O Irã lançou neste sábado (13) um ataque com drones "a partir de seu território" contra Israel, marcando uma escalada de consequências imprevisíveis em uma região já abalada por mais de seis meses de guerra entre Israel e o movimento islamista Hamas na Faixa de Gaza.
"O Irã lançou drones de seu território contra o Estado de Israel", disse por televisão o porta-voz do exército israelense, Daniel Hagari, pouco depois das 23h locais (17h de Brasília).
"Trata-se de uma escalada grave e perigosa", declarou logo em seguida o exército.
"Estamos monitorando a ameaça no espaço aéreo. É uma ameaça que levará várias horas para alcançar o território do Estado de Israel", afirmou Hagari, garantindo que Israel está trabalhando de perto com os Estados Unidos e seus aliados na região para "interceptar os drones do Irã".
Os Guardiães da Revolução, o exército ideológico da República Islâmica do Irã, afirmaram que se trata de um ataque "com drones e mísseis".
A Casa Branca disse que "é provável que esse ataque se desenvolva ao longo de várias horas" e acrescentou que os Estados Unidos "apoiarão o povo de Israel".
Pouco antes, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu havia garantido que Israel estava "preparado [...] tanto em defesa quanto em ataque" para um "ataque direto do Irã", que havia ameaçado com retaliações pelo recente bombardeio de seu consulado em Damasco.
Israel, que à tarde anunciou o fechamento das escolas em todo o país "levando em conta a situação de segurança", informou o fechamento de seu espaço aéreo a partir das 21h30 GMT (18h30 de Brasília), medida que também foi adotada pelo Iraque, Jordânia e Líbano.
O Irã havia ameaçado com retaliações pelo bombardeio de seu consulado em Damasco em 1º de abril, no qual dois de seus generais e outros militares foram mortos e que atribuiu a Israel.
A escalada se dá no contexto da guerra entre Israel e o Hamas, no poder na Faixa de Gaza, desencadeada pela violenta incursão de combatentes islamistas no sul de Israel em 7 de outubro.
- “Estado de pânico total” -
O Irã interceptou horas antes uma embarcação "vinculada" a Israel no Estreito de Ormuz, por onde passa grande parte da produção de petróleo dos países do Golfo.
Vários comandos das forças marítimas dos Guardiães da Revolução abordaram o navio 'MSC Aries', operado por uma empresa "pertencente ao capitalista sionista Eyal Ofer", informou a agência oficial iraniana Irna.
A bordo estavam 25 tripulantes, segundo o armador suíço-italiano MSC, detalhou a Irna.
A Casa Branca pediu ao Irã que "liberte imediatamente o navio e sua tripulação internacional".
"Nos últimos dias, os sionistas têm ficado em estado de pânico total e alerta", celebrou Yahya Rahim Safavi, conselheiro do líder supremo do Irã, citado pela agência.
A escalada entre Irã e Israel ocorre enquanto seguem as negociações para alcançar um acordo de cessar-fogo em Gaza.
O Hamas indicou que comunicou ao Egito e ao Catar, mediadores junto com os Estados Unidos, sua resposta à última proposta de trégua com Israel.
No comunicado, o movimento islamista reafirmou suas exigências, incluindo "um cessar-fogo permanente" e "a retirada do exército de ocupação [israelense] de toda a Faixa de Gaza", além de mais ajuda humanitária.
O ataque do Hamas de 7 de outubro no sul de Israel deixou 1.170 mortos, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais israelenses.
O grupo também fez 250 reféns, dos quais 129 permanecem em Gaza, incluindo 34 que se acredita estarem mortos, de acordo com as autoridades israelenses.
Em resposta, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas e lançou uma ofensiva implacável que já deixou 33.686 mortos em Gaza, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território, governado pelo Hamas desde 2007.
O exército israelense anunciou neste sábado que continuará suas operações no centro de Gaza, após a retirada de suas tropas de Khan Yunis, no sul deste território em ruínas.
Um vídeo da AFP mostra o que resta de uma mesquita em Deir al-Balah. O exército "exigiu a evacuação de toda a área" antes de destruí-la "em questão de minutos", disse Abdullah Baraka, uma testemunha.
Além do grande número de vítimas, o conflito deixou a maioria dos quase 2,5 milhões de habitantes de Gaza à beira da fome, de acordo com a ONU. O cerco israelense impede a entrada da ajuda humanitária necessária no pequeno território.