Por Ariel Krok, Heleno Taveira Torres, Nuno Vasconcellos, Paulo Rosenbaum e Paulo Rosenthal.
Estamos prestes a comemorar o aniversário de um judeu muito especial: Jesus de Nazaré. Este judeu viveu na região da Judeia, na atual Israel, durante o século I. Como rabino, erudito e líder religioso, através de suas pregações e ensinamentos ele atraiu muitos seguidores que se transformaram em multidões.
Foi uma figura tão influente que suas interpretações das Sagradas Escrituras deram origem ao cristianismo, hoje uma das religiões mais difundidas no mundo. No mesmo período desta data comemorativa, nós, judeus, celebramos a festa de Hanukkah, também conhecida como a Festa das Luzes.
Esta data festiva marca o milagre ocorrido durante a revolta dos macabeus contra o Império Selêucida (Estado Helenista que sucedeu a queda do Império de Alexandre, o Grande) por volta de 167 a.C.
O evento teve lugar quando o óleo sagrado que sustentava a chama das lamparinas - fundamental para os serviços religiosos - que deveria durar apenas um dia, perdurou aceso por oito dias completos no Templo de Jerusalém. Tempo suficiente para que aquele óleo essencial fosse novamente produzido.
O fato relevante desta data é que a partir da luta dos Macabeus, os judeus recuperaram um dos aspectos mais caros à cultura mosaica: o direito à liberdade de culto. Aspecto igualmente vital para o Estado judeu nos nossos dias.
Vivemos em uma época muito especial, sendo uma das poucas na história em que Israel está sob soberania judaica. Embora seja um Estado laico em sua estrutura formal, Israel é a única verdadeira democracia naquela região do Oriente Médio. Local que frequentemente vive marcado por conflagrações e conflitos religiosos.
Historicamente, Israel nunca iniciou guerras de agressão. As guerras nas quais esteve envolvido, como a Guerra de Independência (1948), a Guerra dos Seis Dias (1967) e a Guerra do Yom Kipur (1973), foram respostas aos ataques de nações vizinhas, portanto guerras de autodefesa.
A mais recente, contra o Hamas e o Hezbollah também, quando covardemente cerca de 3.000 terroristas do Hamas, invadiram o Estado de Israel, atacaram, torturaram, estupraram e assassinaram mais de 1.200 pessoas - grande maioria de jovens judeus -, única e exclusivamente por estarem em Israel naquele momento. Os terroristas ainda sequestraram 240 pessoas; 100 ainda são reféns.
De Moisés a Jesus, judeus e cristãos de todo o mundo tem Israel como um ponto de referência espiritual
Sem Israel muitos relatos bíblicos, inúmeros comprovados por achados arqueológicos nesta mesmíssima região, perderiam o contexto geográfico e histórico, enfraquecendo a conexão milenar da tradição judaico-cristã com Israel em suas terras ancestrais. Evento que foi desejado, sonhado e batalhado por milênios, em tradições que nos foram ensinadas desde a infância.
De “Shana Habaah BeYerushalaim”, cantado rotineiramente nas casas durante as festas judaicas e nas sinagogas em todo mundo com o anseio para que ocorra o "ano que estejamos todos em Jerusalém", às histórias de nossos antepassados que enfrentaram toda sorte de perigos e desafios em todas as partes do mundo para chegar e voltarem para viver em Israel.
Não faltam exemplos de sionismo, mesmo muitos séculos antes de Theodor Herzl. Basta observar a tradição religiosa de rezar voltados para Jerusalém, o copo quebrado nos casamentos judaicos para lembrar que mesmo na alegria do matrimônio, tivemos momentos de dor como a destruição do Templo Sagrado em Jerusalém.
Também temos exemplos práticos, como os milhares de Judeus Etíopes, perseguidos por séculos onde viviam, diante dos ataques constantes em sua longa e perigosa caminhada. Estes Judeus negros saiam do continente africano com um único objetivo: de de poder se estabelecer em Sion e voltar a viver perto da nossa sagrada Jerusalém.
Israel é e sempre foi a conexão central dos judeus, sua morada, seu único porto seguro, assim como aquele que talvez seja um dos Judeus mais conhecidos do mundo: Jesus.
É importante lutarmos pela preservação de sua história e identidade contra qualquer tentativa de revisionismo histórico inacurado motivado geralmente por interesses obscuros e, muitas vezes, intelectualmente desonestos. Que possamos ser corajosos e aproveitar esta oportunidade para orar por Israel e pela preservação e perpetuação da cultura judaico-cristã no mundo.
Vamos iluminar o mundo com lamparinas indestrutíveis. Desejamos a todos um feliz Chanukah, e um Natal, cheio de luz, esperança e significado.