Macron aceita renúncia de premiê, mas pede que ele fique no cargo até ter novo nome

Michel Barnier, nomeado por Macron há três meses, teve governo mais curto da história recente

Emmanuel Macron, presidente da França
Foto: Fabio Rodrigues - Pozzebom/ Agência Brasil
Emmanuel Macron, presidente da França

O primeiro-ministro da França, Michel Barnier , foi deposto pelo Parlamento francês nesta quarta-feira (4), após uma moção de censura ser aprovada por uma aliança inédita entre a esquerda e a extrema direita. O pedido foi aceito pelo presidente da França, Emmanuel Macron , mas ele solicitou que o premiê permaneça no cargo até que o substituto seja encontrado.

Barnier, ex-negociador europeu para o Brexit, havia sido nomeado por Emmanuel Macron para o cargo em agosto, após as eleições parlamentares, quando nenhum partido alcançou a maioria absoluta. A escolha de Macron gerou protestos, com a oposição unindo forças para rejeitar a indicação do presidente. A moção de censura foi aprovada por 331 votos a favor, superando o mínimo de 288 necessário para sua aceitação.

Após a queda, Barnier entregou sua carta de renúncia ao presidente Macron, que a aceitou, mas pediu que ele continue no cargo até que seja encontrado um novo nome para o posto. A decisão do presidente será crucial para o futuro do governo, pois Macron pode tentar negociar com as forças políticas ou anunciar uma nova nomeação ainda neste fim de semana.

A crise política foi impulsionada pela rejeição do Orçamento do governo e pelas tensões econômicas, com a França enfrentando dificuldades fiscais e um prêmio de risco de dívida elevado. A situação instável também se reflete em uma Assembleia Nacional dividida, onde a falta de uma maioria clara tem dificultado a formação de um governo estável.

Com a aprovação da moção de censura, Michel Barnier torna-se o primeiro premiê da Quinta República a ser derrubado por uma ação do Legislativo em mais de 60 anos, desde a queda de Georges Pompidou em 1962. O governo de Macron, que já perdeu a maioria absoluta na Assembleia após sua reeleição, enfrenta novos desafios, enquanto a França se prepara para as eleições presidenciais de 2027.

O orçamento proposto por Barnier, que visava reduzir o déficit público e aumentar temporariamente os impostos para grandes empresas, também foi um dos principais fatores para a crise. A oposição, incluindo a líder de extrema direita Marine Le Pen, se opôs fortemente ao plano, contribuindo para a desestabilização do governo.

A queda de Barnier foi comentada na imprensa francesa, com o "Le Figaro" destacando a crise política, enquanto o "Libération" ironizou a situação com um trocadilho de Napoleão, e o "Aujourd'hui en France" falou de um "grande vazio" deixado pela saída do premiê. Muitos franceses consideram a situação uma bagunça, afirmando que tanto Barnier quanto Macron "tiveram o que mereceram".