O primeiro-ministro da França, Michel Barnier , foi deposto pelo Parlamento francês nesta quarta-feira (4), após uma moção de censura ser aprovada por uma aliança inédita entre a esquerda e a extrema direita. O pedido foi aceito pelo presidente da França, Emmanuel Macron , mas ele solicitou que o premiê permaneça no cargo até que o substituto seja encontrado.
Barnier, ex-negociador europeu para o Brexit, havia sido nomeado por Emmanuel Macron para o cargo em agosto, após as eleições parlamentares, quando nenhum partido alcançou a maioria absoluta. A escolha de Macron gerou protestos, com a oposição unindo forças para rejeitar a indicação do presidente. A moção de censura foi aprovada por 331 votos a favor, superando o mínimo de 288 necessário para sua aceitação.
Após a queda, Barnier entregou sua carta de renúncia ao presidente Macron, que a aceitou, mas pediu que ele continue no cargo até que seja encontrado um novo nome para o posto. A decisão do presidente será crucial para o futuro do governo, pois Macron pode tentar negociar com as forças políticas ou anunciar uma nova nomeação ainda neste fim de semana.
A crise política foi impulsionada pela rejeição do Orçamento do governo e pelas tensões econômicas, com a França enfrentando dificuldades fiscais e um prêmio de risco de dívida elevado. A situação instável também se reflete em uma Assembleia Nacional dividida, onde a falta de uma maioria clara tem dificultado a formação de um governo estável.
Com a aprovação da moção de censura, Michel Barnier torna-se o primeiro premiê da Quinta República a ser derrubado por uma ação do Legislativo em mais de 60 anos, desde a queda de Georges Pompidou em 1962. O governo de Macron, que já perdeu a maioria absoluta na Assembleia após sua reeleição, enfrenta novos desafios, enquanto a França se prepara para as eleições presidenciais de 2027.
O orçamento proposto por Barnier, que visava reduzir o déficit público e aumentar temporariamente os impostos para grandes empresas, também foi um dos principais fatores para a crise. A oposição, incluindo a líder de extrema direita Marine Le Pen, se opôs fortemente ao plano, contribuindo para a desestabilização do governo.
A queda de Barnier foi comentada na imprensa francesa, com o "Le Figaro" destacando a crise política, enquanto o "Libération" ironizou a situação com um trocadilho de Napoleão, e o "Aujourd'hui en France" falou de um "grande vazio" deixado pela saída do premiê. Muitos franceses consideram a situação uma bagunça, afirmando que tanto Barnier quanto Macron "tiveram o que mereceram".